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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou um relatório antecipando os principais desafios para 2026, ano de eleições gerais no Brasil. Segundo a Agência Brasil, entre os riscos destacam-se a segurança no processo eleitoral e ataques cibernéticos com IA, que impactam diretamente a democracia e a soberania digital do país.
O documento “Desafios de Inteligência Edição 2026” também analisa questões geopolíticas, mudanças climáticas e dependência tecnológica, reforçando a necessidade de medidas estratégicas para proteger a sociedade e o Estado brasileiro.

Eleições 2026: ameaças complexas à democracia
Segundo a Abin, as eleições de 2026 apresentarão desafios “complexos e multifacetados”. O risco principal é a deslegitimação das instituições democráticas, com potencial para manipulação de massas e disseminação de desinformação em larga escala.
Adicionalmente, a integridade do pleito é desafiada pela crescente influência do crime organizado e pelo risco de interferência externa voltada a desestabilizar o processo eleitoral.
Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin, comentou durante o lançamento do relatório.
O relatório ainda destaca as lições do ataque aos Três Poderes em 2023 reforçam a importância de medidas preventivas.

Era digital: IA e soberania tecnológica
A Abin alerta para a rápida evolução da inteligência artificial, que pode agir como agente autônomo em ataques cibernéticos, aumentando riscos de escalada e conflitos militares. Ressalta também que a dependência de hardwares estrangeiros e o poder concentrado das big techs desafiam a autonomia do Brasil.
Para se preparar, a agência indica a importância de:
- Transição para criptografia pós-quântica;
- Fortalecimento da cibersegurança governamental;
- Desenvolvimento de ferramentas digitais próprias;
- Monitoramento de espionagem e guerra cognitiva;
- Garantia da soberania digital em infraestruturas críticas.
“Essas empresas monopolizam dados e desafiam estruturas estatais, ameaçando a autonomia decisória nacional”, alerta o relatório sobre os riscos do cenário digital.

Clima, demografia e cadeias globais: desafios estratégicos
Além da tecnologia, o documento destaca fatores ambientais e econômicos. 2024 foi o ano mais quente já registrado, com 1,5 °C acima da média pré-industrial, além de ter registrado desastres naturais no Brasil, que causaram perdas anuais estimadas em R$ 13 bilhões.
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O relatório alerta também para a redução de rios voadores, que transportam umidade da Amazônia para outras regiões do país e da América do Sul, e para o desmatamento da floresta amazônica, que geram déficit energético de quase 3,8 mil GWh. Ressalta, ainda, a dependência de cadeias de suprimentos globais e as pressões comerciais de EUA e China, que impactam diretamente investimentos e suprimentos.
A Abin chama atenção para mudanças demográficas, saída de talentos brasileiros e aumento da migração estrangeira, fatores que influenciam segurança, prestação de serviços e controle de fronteiras.
O relatório reforça que os próximos anos exigirão atenção redobrada do Estado brasileiro para proteger eleições, garantir soberania digital, antecipar riscos climáticos e equilibrar dependências tecnológicas.