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Duas operações de combate à pirataria, realizadas na Argentina e no Brasil, tiraram do ar 558 serviços de streaming ilegais, como BTV e My Family Cinema, desde a última quinta-feira (27). As ações são desdobramentos de investigações que já derrubaram milhares de serviços piratas nos últimos meses.
Quem pagou por assinaturas desses serviços perdeu o acesso. E nem poderá pedir reembolso porque “abdica de seus direitos” ao contratar um serviço pirata, explicou o Procon-SP ao G1.
Forças-tarefas internacionais derrubam 558 streamings piratas com faturamento milionário
A operação mais recente, realizada no domingo (30) na Argentina, derrubou 22 aplicativos, como o BTV e o Red Play. Foi a segunda fase da investigação. A primeira, deflagrada no início de novembro, tirou do ar 14 aplicativos. Entre eles, estavam My Family Cinema e TV Express.

O esquema desmantelado tinha mais de 6,2 milhões de assinantes ativos, sendo 4,6 milhões localizados no Brasil. O faturamento anual do grupo era estimado em mais de US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 800 milhões).
O departamento de investigação de crimes cibernéticos do Ministério Público Fiscal de Buenos Aires investiga o esquema desde setembro de 2024. Os trabalhos começaram após denúncia da Alianza, associação de empresas contra pirataria audiovisual na América Latina.
Em agosto de 2025, buscas revelaram escritórios que funcionavam como empresas legítimas, servindo como centrais da pirataria. Para você ter ideia, um deles tinha até setor de Recursos Humanos para seus cerca de 100 funcionários.
Os escritórios na Argentina eram responsáveis apenas pelas áreas de marketing e vendas, enquanto a estrutura técnica estava hospedada na China.
A operação argentina chegou a uma relação de 36 aplicativos que saíram do ar. São eles:
- ALA TV
- Bex TV
- Blue TV
- Boto TV
- Break TV
- BTV App
- BTV Live
- Cinefly
- Duna TV
- Eppi Cinema
- Football Zone
- Hot
- Humo Cinema
- Jovi TV
- Lumo TV
- Mega TV
- MIX
- My Family Cinema
- Nava TV
- Nossa TV
- ONPix
- PLUSTV
- Pulse TV
- Red Box
- Red Play Live
- Ritmo TV
- Samba TV
- Super TV Premium
- TV Express
- Vela Cinema
- Venga TV
- Vexel Cinema
- Waka TV
- WEIV
- WeivTV – Nova
- Yoom Cinema
No Brasil, a força-tarefa bloqueou 535 sites e um aplicativo de streaming na oitava fase da Operação 404, liderada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública desde 2019. O nome faz referência ao “erro 404” de página não encontrada.
Nesta etapa, o governo cumpriu 44 mandados de busca e apreensão, quatro ordens de prisão preventiva e três prisões em flagrante, com cooperação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional do Cinema (Ancine), Polícias Civis de 15 estados e autoridades da Argentina, Equador, Peru e Reino Unido.
Desde novembro de 2019, a Operação 404 bloqueou mais de três mil sites ou aplicativos e removeu conteúdos ilegais de buscadores e redes sociais.
Consumidor perde direitos ao usar TV boxes piratas e enfrenta riscos de segurança
Muitas dessas plataformas ilegais são acessadas em TV boxes, também conhecidas como aparelhos de IPTV ou caixinhas de TV. Esses aparelhos permitem acessar serviços de streaming pela televisão.

Dispositivos desse tipo são permitidos no Brasil, mas precisam ser homologados pela Anatel. A agência explica que realiza o processo “para garantir que o equipamento atenda aos requisitos técnicos em relação à emissão de radiofrequências, à segurança cibernética e ao uso regular das redes de telecomunicações”.
Além de possibilitar a pirataria, os aparelhos não homologados “podem interferir em outros aparelhos legítimos e permitir ataques hackers às redes de seus usuários”, segundo a Anatel.
A agência orienta os usuários a comprarem apenas aparelhos certificados para “garantir a segurança do consumidor e evitar a prática de atividades ilícitas”.
A recomendação vale tanto para quem busca streaming legal quanto para quem quer evitar problemas técnicos e invasões.
Leia mais:
- Brasil é principal destino de TV boxes com streamings piratas, diz associação
- O que significa quando um aparelho é homologado pela Anatel?
- Remessa Conforme, Anatel e mais: entenda todas as regras e taxas de importação no Brasil
O Procon-SP informou que consumidores recorrem a canais como o Reclame Aqui para reclamar sobre a derrubada dos streamings piratas. Mas perdem seus direitos ao contratar plataformas que transmitem conteúdo pirateado.
A instituição acrescentou que a empresa pode nem estar regularizada, o que impede que órgãos de defesa do consumidor a notifiquem.