Operação Power OFF: PF mira rede que vendia ataques para derrubar sites do governo

Polícia Federal investiga rede que oferecia ataques DDoS sob demanda contra sites de órgãos estratégicos do Brasil; entenda a operação
Pedro Spadoni03/12/2025 09h41
Hacker usa extensão no navegador do Chrome para acessar dados de cartão de crédito no browser de laptop para compras não autorizadas browser
Bloqueadores de anúncios maliciosos conseguem interceptar dados de transações financeiras em tempo real (Imagem: JARIRIYAWAT / Shutterstock.com)
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A Polícia Federal deflagrou a Operação Power OFF nesta quarta-feira (03). O objetivo é desarticular uma associação criminosa especializada em ataques cibernéticos do tipo DDoS (Negação de Serviço Distribuída). 

A ação mira administradores de plataformas ilegais e clientes que contrataram os serviços para derrubar sites e sistemas. São cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária em quatro cidades no Brasil. 

O grupo é responsável por ofensivas digitais contra órgãos estratégicos nacionais, como a própria PF, o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), a Dataprev e o Centro Integrado de Telemática do Exército Brasileiro

As investigações contaram com a cooperação até do FBI, dos Estados Unidos.

PF cumpriu mandados em quatro estados contra administradores e clientes do esquema

A Operação Power OFF (“desligar a energia”, em tradução livre) foi deflagrada para desmantelar uma associação criminosa que vendia ataques DDoS sob demanda

Agente da Polícia Federal investigando computador na Operação OFF
Objetivo da Operação Power OFF da PF é desarticular uma associação criminosa especializada em ataques cibernéticos do tipo DDoS (Imagem: Polícia Federal)

Foram expedidos quatro mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária, cumpridos em São Paulo (SP), São Caetano do Sul (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Tubarão (SC).

Os investigados poderão responder pelos crimes de associação criminosa e interrupção ou perturbação de serviço telemático ou de informação de utilidade pública, previstos na legislação penal brasileira.

A ação é conjunta e envolve polícias, agências de aplicação da lei e entidades acadêmicas. O objetivo é reforçar o compromisso da PF no combate a crimes cibernéticos que ameaçam infraestruturas estratégicas do país, segundo a corporação.

Ataque DDoS sobrecarrega sites e é vendido sob demanda por plataformas ilegais

Em ataques DDoS (Negação de Serviço Distribuída), criminosos geram milhões de acessos simultâneos falsos a um site ou sistema. 

Ataques de hackers à logística ampliam roubos de carga e prejuízos bilionários
Objetivo de ataques DDoS é sobrecarregar servidores para deixar serviços fora do ar ou extremamente lentos (Imagem: PeopleImages/Shutterstock)

O objetivo é sobrecarregar o servidor para deixar o serviço fora do ar ou extremamente lento. Assim, seus recursos ficam indisponíveis para usuários de verdade. Diferente de uma invasão, o DDoS não rouba dados. Ele simplesmente derruba o alvo.

Esses ataques sob demanda são conhecidos como booters e stressers. E plataformas ilegais permitem que qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento técnico, contrate ataques DDoS mediante pagamento. 

Os serviços são hospedados em servidores de nuvem distribuídos em diversos países e utilizados por agentes em escala mundial.

Tais ataques podem prejudicar serviços essenciais do governo, atrasar atendimentos e colocar em risco a segurança de informações sensíveis.

Leia mais:

PF também investiga ataques DDoS contra deputados que apoiaram o PL Antiaborto

A Polícia Federal deflagrou a Operação Intolerans, na terça-feira (02), para investigar ataques cibernéticos do tipo DDoS contra sites de deputados federais que apoiaram o Projeto de Lei nº 1904/2024 (PL Antiaborto). Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em São Paulo (SP) e Curitiba (PR)

A ofensiva coordenada dos criminosos gerou instabilidade e períodos de indisponibilidade nos sites dos parlamentares, o que afetou a comunicação institucional e a atuação legislativa.

Montagem com fotos dos deputados Alexandre Ramagem, Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis, que teriam sido alvos de ataques cibernéticos investigados pela Polícia Federal (PF)
Páginas dos deputados Alexandre Ramagem (PL-SP), Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF) teriam sido alvos de ataques DDoS também (Imagem: Valter Campanato e Marcelo Camargo – Agência Brasil / Maryanna Oliveira – Câmara dos Deputados)

Entre os deputados afetados estão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que teve o site invadido e substituído por uma publicação antiga do presidente Lula no X/Twitter, e Alexandre Ramagem (PL-RJ), cujo site foi derrubado por instabilidade no servidor. 

A página de Bia Kicis (PL-DF) saiu do ar após sobrecarga, e o domínio do Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) ficou inacessível por um erro interno. 

Outros parlamentares como Júlia Zanatta (PL-SC), Greyce Elias (Avante-MG) e o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, também relataram invasões na época da discussão do texto.

A operação visa identificar e responsabilizar os envolvidos na ação criminosa. A ação contou com o apoio de parceiros estrangeiros por meio de cooperação jurídica internacional. E a PF prossegue com as investigações para assegurar a responsabilização dos autores.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.