Google anuncia data center a gás com captura de carbono quase 100% eficaz

O Google usará Captura de Carbono (CCS) em usina a gás de 400 MW para data centers de IA, capturando 90% do CO₂ e zerando emissões.
Valdir Antonelli04/12/2025 05h30
Data center
(Imagem: Novikov Aleksey / Shutterstock.com)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

O Google acaba de dar um passo ousado para resolver o problema de energia em seus data centers focados em IA, que consomem eletricidade como nunca. A solução está em uma nova usina a gás natural em Illinois, nos EUA, com a mágica da Captura e Armazenamento de Carbono (CCS).

O acordo exclusivo de compra de energia com a Broadwing Energy visa garantir que o crescimento da IA não se traduza em mais aquecimento global, explica artigo no The Conversation. Com a captura de quase 90% das emissões de carbono, o Google transforma um combustível fóssil em uma fonte de energia com emissão praticamente zero.

Nova usina com captura de carbono promete alimentar data centers de IA do Google com emissões quase zeradas.
Nova usina com captura de carbono promete alimentar data centers de IA do Google com emissões quase zeradas. Imagem: tiero/iStock

A saída inteligente para a enorme conta de luz da IA

Um data center de grande porte pode engolir mais de 100 megawatts de energia. Quando essa eletricidade vem de fontes que queimam combustíveis fósseis, como o gás natural, a pegada de carbono explode, alimentando o ciclo do aquecimento global.

Para lidar com isso e continuar investindo na IA, a empresa apostou na CCS, tecnologia que intercepta o dióxido de carbono (CO₂​) antes que ele escape para a atmosfera. Depois, o gás é enviado para ser armazenado no fundo da Terra, permanentemente.

Para muitos especialistas, essa tecnologia é a peça que faltava para balancear a necessidade energética crescente com as metas climáticas.

Muitos especialistas em energia […] acreditam que a captura e o armazenamento de carbono são necessários para abrandar as alterações climáticas.

Ramesh Agarwal, professor de engenharia da Universidade de Washington, em artigo no The Conversation.
Tecnologia de captura de CO₂ evita que o gás alcance a atmosfera e o armazena no subsolo de forma permanente.
Tecnologia de captura de CO₂ evita que o gás alcance a atmosfera e o armazena no subsolo de forma permanente. Crédito Marharyta Kovalchuk/Shutterstock

O segredo de guardar o CO₂​ no subsolo

A ideia de injetar um gás no subsolo pode parecer estranha, mas ela é segura e já vem sendo testada por anos. O CO₂​ é injetado como “um gás supercrítico – que está exatamente na transição de fase de líquido para gás e possui as propriedades de ambos – ou dissolvido em um líquido”, e fica aprisionado entre as rochas.

Existem diferentes “cofres” geológicos para o carbono:

  • Reservatórios Antigos de Óleo e Gás: Eles já provaram que conseguem segurar hidrocarbonetos por milhões de anos.
  • Mineralização em Basalto: A Islândia usa esse truque! O CO₂​ reage com rochas vulcânicas e vira um sólido.
  • Aquíferos Salinos Profundos: A aposta do Google e o local com maior potencial de armazenamento nos EUA.

O plano do Google é injetar o carbono no aquífero salino na formação de arenito Mount Simon em Illinois. Esse “reservatório” subterrâneo tem uma capacidade estimada que varia de 27 a 109 gigatoneladas de CO₂​. É um espaço considerável, se compararmos com as emissões totais de combustíveis fósseis dos EUA em 2024, que foram de cerca de 4,9 gigatoneladas.

energia
Data centers de grande porte podem consumir mais de 100 MW, elevando emissões quando dependem de combustíveis fósseis. Imagem: Artur Nichiporenko/iStock

Investimento visa a sustentabilidade

A usina de 400 megawatts do Google, a ser construída com a Broadwing Energy, foi projetada para capturar cerca de 90% das emissões e canalizá-las para o aquífero. O projeto planeja usar um poço de injeção existente, que fez parte da primeira demonstração de armazenamento de carbono em larga escala na região, iniciada pela produtora de alimentos Archer Daniels Midland, em 2012.

Leia mais:

O plano do Google é único porque envolve um contrato de compra de energia que torna possível a construção da usina com captura e armazenamento de carbono.

Ramesh Agarwal, professor de engenharia da Universidade de Washington, em artigo no The Conversation.

Apesar do entusiasmo, o CCS tem seus riscos, como o rompimento de um oleoduto em 2020 no Mississippi, que forçou evacuações e levou diversas pessoas a perderem a consciência.

No entanto, com a demanda por energia para a IA crescendo rapidamente, iniciativas como a do Google são vistas como um caminho alternativo para acompanhar a tecnologia.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.