Parabenos e dióxido de enxofre fazem mal à saúde? Conheça esses conservantes

Parabenos e dióxido de enxofre: entenda como esses conservantes atuam e se podem trazer riscos e, consequentemente, se fazem mal à saúde
Por Simone Cordeiro, editado por Layse Ventura 05/12/2025 04h20
Uma mão derrama líquido de uma garrafa sobre uma salada colorida com folhas, tomates, pepinos e pimentões.
A Anvisa determinou o recolhimento do vinagre de maçã da marca Castelo (lote 12M2) por conter dióxido de enxofre acima do permitido/Shutterstock_New Africa
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No final de novembro de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recolhimento de um lote de vinagre de maçã da marca Castelo em todo o território nacional.

O motivo foi a presença de dióxido de enxofre em níveis diferentes dos informados no rótulo, o que representa risco para consumidores sensíveis, especialmente pessoas com histórico de alergias ou asma. Sobretudo, o episódio reforçou a importância da correta rotulagem e da fiscalização rigorosa de aditivos químicos em alimentos.

Esse caso trouxe à tona uma discussão mais ampla: afinal, parabenos e dióxido de enxofre fazem mal à saúde? Neste artigo, vamos explorar o que são esses conservantes, como atuam, quais os riscos associados ao consumo e o que dizem os estudos científicos sobre sua segurança.

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O que são parabenos?

Antes de entender se dióxido de enxofre e parabenos fazem mal para a saúde, vamos explicar o que é são cada um deles. Os parabenos são compostos químicos usados como conservantes, principalmente na indústria de cosméticos, medicamentos e, às vezes, alguns alimentos. Dessa forma, sua principal função é evitar o crescimento de fungos e bactérias, prolongando a vida útil dos produtos.

Possíveis riscos

Mulher loira, olhando com uma lupa alguns cosméticos.
Os parabenos são usados na indústria de cosméticos/Shutterstock_Alona Siniehina
  • Estudos sugerem que parabenos podem atuar como disruptores endócrinos, imitando o hormônio estrogênio e interferindo no equilíbrio hormonal.
  • Pesquisas sobre uma possível relação com o câncer.
  • Apesar disso, órgãos reguladores como a European Food Safety Authority (EFSA) e a FDA consideram o uso seguro em concentrações baixas, mas recomendam monitoramento contínuo.
  • No Brasil, a regulação sobre o uso de parabenos em cosméticos é bastante rigorosa. A Anvisa determina que cada tipo de parabeno não ultrapasse 0,4% de concentração individual, e que a soma total desses conservantes no produto não exceda 0,8%.

O que é o dióxido de enxofre, e por que faz mal à saúde?

Diferente dos parabenos que são ésteres do ácido p-hidroxibenzoico (como metilparabeno e propilparabeno), o dióxido de enxofre (SO₂), é um gás altamente reativo que, em solução, forma sulfitos. Além disso, é um composto de enxofre natural (de vulcões, por exemplo) e industrial.

Contudo, ambos são usados como conservantes em diferentes produtos na indústria. No caso do dióxido de enxofre, seu uso é mais comum na fabricação de vinhos, sucos e vinagres. Dessa forma, ele atua como antioxidante e antimicrobiano, prevenindo a deterioração dos alimentos. Contudo, assim como os parabenos, o dióxido de enxofre apresenta riscos e faz mal à saúde.

Possíveis riscos

shampoo ou sabonete líquido, apoiado sobre uma superfície clara. Duas mãos seguram uma lupa posicionada sobre o frasco. A lupa amplia uma parte do rótulo, revelando em letras brancas a frase “NO PARABEN”.
Produto sem parabenos: escolha consciente para cuidados pessoais mais seguros/Shutterstock_Alona Siniehina
  • Segundo a Anvisa, o dióxido de enxofre é considerado um aditivo químico com potencial alergênico. Sua presença em alimentos sem a devida informação no rótulo pode desencadear reações adversas em pessoas sensíveis, sobretudo em indivíduos com histórico de alergias ou asma.
  • Em excesso, pode provocar irritação nas vias respiratórias e desconforto digestivo.
  • A legislação brasileira permite seu uso em limites específicos, mas exige que esteja claramente indicado no rótulo.
  • De acordo com a Cleveland Clinic, 4% a 5% das pessoas com asma apresentam algum tipo de sensibilidade a sulfito.

Estudos e evidências

Não é à toa, que a legislação e os órgãos de defesa sanitária se preocupam tanto com a quantidade de conservantes nos produtos fabricados. Desde dióxido de enxofre à parabenos, estudos também reforçam os riscos à saúde.

Um estudo publicado no International Journal of Pharmaceutical Sciences (IJPS Journal) aponta que a exposição prolongada a parabenos pode estar associada a alterações hormonais, levantando preocupações sobre seus possíveis efeitos como disruptores endócrinos.

Além disso, existem diversos estudos publicados sobre os riscos potenciais dos parabenos, destacando a necessidade de mais investigações sobre seus efeitos cumulativos e de longo prazo.

Sobretudo, em relação ao dióxido de enxofre, o que se tem feito é o rastreamento de alimentos cuja quantidade está além das permitidas, e consequentemente a apreensão deles. Afinal, sua toxidade é comprovada em pesquisas. Por exemplo, foi realizado um monitoramento em cogumelos em conserva, publicado na (Revista Visa em Debate–Fiocruz).

A imagem mostra cogumelos pequenos e arredondados dentro de um líquido transparente, como salmoura. Um deles está espetado por um garfo e erguido, revelando seu interior claro.
Cogumelos em conserva podem conter dióxido de enxofre, usado como conservante/Shutterstock_Fedorova Inna

O estudo avaliou 57 amostras de cogumelos em conserva entre 2016 e 2022 e encontrou resíduos de dióxido de enxofre acima do permitido em alguns casos. Dessa forma, o trabalho destacou a importância da rotulagem correta, já que o consumo inadvertido pode causar reações adversas em pessoas sensíveis.

Simone Cordeiro
Colaboração para o Olhar Digital

Simone Cordeiro é jornalista formada pela Universidade Nove de Julho. Em 8 anos de experiência, passou por agências de marketing, empresas de tecnologia e indústria. Hoje, é redatora no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.