Borboleta em Marte? Sonda registra cratera com formato curioso

Imagem revela cratera em forma de borboleta, um formato raro criado por um impacto que atingiu uma camada de gelo subterrâneo
Lucas Soares06/12/2025 10h21
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A sonda Mars Express capturou uma vista panorâmica de Idaeus Fossae, nas terras baixas do norte de Marte, mostrando uma cratera em forma de borboleta em meio a mesas, cristas e planícies poeirentas moldadas por impactos e vulcanismo antigo. (Crédito da imagem: ESA/DLR/FU Berlin)
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Uma nova imagem da Agência Espacial Europeia (ESA) mostra uma cratera de impacto incomum na superfície de Marte, com um padrão de ejeção que lembra uma borboleta. A formação foi registrada pela sonda Mars Express na região de Idaeus Fossae, nas planícies do norte do planeta.

A cratera tem cerca de 20 por 15 quilômetros. Ela é cercada por dois lóbulos de material que se estendem para norte e sul, criando a forma de asas. Esta estrutura é resultado de um impacto oblíquo: a rocha espacial atingiu a superfície em um ângulo raso, o que explica a cratera oval e a ejeção assimétrica.

A textura lisa do material ejetado indica que o impacto atingiu uma camada de gelo subterrâneo. O calor da colisão derreteu o gelo, gerando um fluxo de lama que se espalhou, formando os lóbulos visíveis.

“Normalmente, esperaríamos que o material fosse lançado para fora em todas as direções por uma colisão que causa uma cratera. No entanto, sabemos que a rocha espacial que esculpiu esta borboleta marciana atingiu a Terra em um ângulo baixo e raso, resultando nas formas interessantes e atípicas que vemos aqui: o ‘corpo’ da borboleta — a própria cratera principal — tem um formato oval incomum, e as asas são irregulares”, explica a ESA em comunicado.

Formação geológica apresenta características únicas

A região ao redor apresenta mesas, formações geológicas com topo plano e laterais íngremes, com mais de mil metros de altura. Suas bordas escuras expõem camadas ricas em minerais como ferro e magnésio, sugerindo um passado de atividade vulcânica com derramamentos de lava e cinzas.

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“As mesas se destacam claramente contra o entorno de cor castanha devido às camadas de material escuro que foram expostas em suas bordas”, disseram funcionários da ESA em comunicado. “Assim como na Terra , esse material provavelmente é rico em magnésio e ferro e foi criado por vulcanismo . Essa região provavelmente presenciou bastante vulcanismo no passado, com depósitos de lava e cinzas se acumulando ao longo do tempo e sendo soterrados por outros materiais ao longo dos anos.”

Ao ampliar a imagem acima, observamos as mesas mostradas à esquerda (Crédito da imagem: ESA/DLR/FU Berlin)

Crateras com essa morfologia são raras. Elas funcionam como registros geológicos que ajudam os cientistas a determinar o ângulo de impactos passados e a composição do subsolo marciano no momento da colisão, fornecendo evidências diretas da presença histórica de água congelada.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.