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Pesquisadores estão explorando novas alternativas para lidar com a menstruação em missões espaciais. Em um experimento inédito, um coletor menstrual foi enviado ao espaço para avaliar se o dispositivo é capaz de suportar vibrações, pressões e outros desafios característicos de voos espaciais. Os resultados indicam que o acessório pode ser uma solução viável para futuras astronautas. As informações são da Space.com.
Coletor menstrual é testado em voo espacial experimental
O experimento foi conduzido em 2022 pelo grupo de pesquisa AstroCup, que enviou dois coletores menstruais da marca Lunette em um foguete não tripulado. O voo durou cerca de nove minutos e atingiu 3 quilômetros de altitude, expondo o material a vibrações intensas e possíveis danos estruturais.
Após o retorno, os cientistas realizaram testes de vazamento utilizando glicerol e água. O coletor menstrual manteve sua integridade, não apresentou falhas no material e não sofreu degradação — resultados publicados recentemente na revista NPJ Women’s Health.

O dispositivo, feito de silicone flexível e reutilizável, já é popular na Terra por ser mais sustentável que absorventes e tampões descartáveis. No ambiente espacial, essa vantagem se torna ainda mais relevante, já que sistemas de reciclagem não são projetados para lidar com sangue e itens descartáveis geram mais lixo.
Por que repensar a menstruação no espaço?
Historicamente, astronautas que menstruam optam por interromper o ciclo com uso contínuo de anticoncepcionais hormonais, uma prática considerada segura. Entretanto, essa solução pode não funcionar em missões longas ou em viagens para outros planetas.
Entre os motivos que tornam o coletor menstrual uma alternativa importante:
- Redução de resíduos a bordo
- Facilidade de uso por longos períodos
- Independência de suprimentos descartáveis
- Maior autonomia e conforto para astronautas

Apesar dos resultados promissores, os autores destacam que ainda é necessário testar o dispositivo em missões mais longas e em microgravidade real, avaliando principalmente o momento de remoção e esvaziamento do coletor. A equipe planeja enviar diferentes produtos menstruais à Estação Espacial Internacional (ISS) para comparações futuras.
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A pesquisadora Lígia Coelho, líder do projeto e astrobióloga no Carl Sagan Institute, afirma que o estudo abre portas para ampliar a autonomia da saúde feminina no espaço e preparar futuras gerações de exploradoras.