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Mesmo diante de relatos que sugeriam seu desaparecimento, a estrutura conhecida como DOGE continua operando em diversas agências do governo dos Estados Unidos.
Fontes internas dizem que o grupo, criado para promover eficiência administrativa, não apenas permanece ativo como também está mais integrado do que antes. Em vez de atuar em ritmo acelerado e visível, seus integrantes agora parecem distribuídos de forma discreta por múltiplas áreas estratégicas, influenciando rotinas, políticas e processos internos. As informações são do Wired.
A afirmação de que o DOGE teria desaparecido ganhou força após declarações oficiais indicando que o grupo já não funcionava como uma entidade centralizada. No entanto, servidores federais relatam o contrário: muitos dos operativos originais seguem inseridos em departamentos como o Tesouro, USDA, CDC, OMB e a recém-criada National Design Studio (NDS), dentro do próprio Escritório Executivo do Presidente.
Yat Choi, um dos membros mais conhecidos, publicou recentemente imagens que mostram sua rotina ao lado de integrantes da administração atual, reforçando que suas atribuições continuam em andamento. Segundo ele, o trabalho inclui até retornar à mina subterrânea na Pensilvânia onde são processadas aposentadorias federais — um dos sistemas que o DOGE pretende modernizar.

Operativos do DOGE permanecem em cargos-chave
Apesar da impressão pública de que o projeto havia sido encerrado, nomes como Edward Coristine, Gavin Kliger, Marko Elez, Akash Bobba e Ethan Shaotran seguem vinculados ao DOGE ou ao próprio governo. Outras figuras ligadas a empresas de Elon Musk — incluindo SpaceX e xAI — também permanecem atuando como designers, engenheiros e gestores de projetos.
Dentro do IRS (Receita Federal dos EUA), a presença do DOGE ficou ainda mais evidente com a implementação de testes de codificação aplicados a centenas de profissionais técnicos. A iniciativa teria sido conduzida por Sam Corcos, atual diretor de informação do Tesouro e associado ao grupo.
Os testes, feitos via HackerRank, seguem um modelo típico de empresas do Vale do Silício e fazem parte de um plano de “modernização” que pretende reformular o departamento de TI da Receita, que possui cerca de 8.500 funcionários. Servidores relatam estranheza com o método, já que avaliações desse tipo raramente são aplicadas a trabalhadores já contratados.
Um quadro semelhante ocorreu no início da atuação do DOGE, quando equipes de tecnologia precisaram defender seus próprios projetos em videoconferências e enviar relatórios semanais revisados por inteligência artificial.

DOGE amplia sua atuação em agências e novos escritórios
Além da Receita, outras iniciativas revelam o avanço silencioso da DOGE dentro do governo. Alguns exemplos:
- Scott Langmack, antes vinculado ao Departamento de Habitação, agora lidera esforços de “deregulation AI” no OMB, criando aplicações de IA para eliminar regulações;
- Sam Beyda, associado ao grupo, tornou-se vice-chefe de gabinete do CDC, mesmo sem histórico em saúde pública;
- Joe Gebbia, cofundador do Airbnb e ligado ao DOGE, assumiu o cargo de Chief Design Officer dos EUA, liderando o recém-criado National Design Studio;
- Coristine, outro membro antigo, afirmou ter participado da criação da identidade visual e do site da missão “Genesis”, iniciativa federal dedicada à construção de plataformas de IA para pesquisa científica.
Esses movimentos ocorreram enquanto agências como o CDC passam por redução significativa de pessoal desde a posse de Donald Trump, alterando a composição técnica de áreas sensíveis, como prevenção de doenças.
Mesmo diante das reportagens que afirmam o fim do DOGE, membros do governo dizem que a estrutura apenas mudou de forma. A própria conta oficial do grupo contestou reportagens recentes, reafirmando que contratos continuam sendo encerrados e que milhões de dólares foram economizados nas últimas semanas.

Em entrevista a um podcast, Elon Musk também confirmou que o DOGE continua “em andamento”, embora sem liderança centralizada. Para ele, parte do objetivo é justamente evitar que opositores concentrem críticas em uma única figura.
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A percepção interna é de que o DOGE agora opera de maneira mais estratégica, menos visível e distribuída — mas ainda alinhada com os princípios originais de cortar desperdícios, acelerar processos e importar práticas de eficiência do setor privado para dentro do governo.