Astronautas da Rússia e dos EUA pousam na Terra após 8 meses no espaço

A espaçonave Soyuz-MS 27, com dois cosmonautas e um astronauta da NASA a bordo, pousou em segurança nesta madrugada no Cazaquistão
Flavia Correia09/12/2025 11h22
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Equipe de resgate cerca a espaçonave Soyuz MS-27, que pousou no Cazaquistão nesta terça-feira (9). Crédito: NASA TV
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Na madrugada desta terça-feira (9), dois cosmonautas da Roscosmos (a agência espacial russa) e um astronauta da NASA encerraram uma missão de oito meses na Estação Espacial Internacional (ISS), retornando com segurança à Terra

A cápsula Soyuz MS-27 pousou na fria estepe nevada do Cazaquistão às 2h03 da manhã, pelo horário de Brasília, após uma descida controlada com a ajuda de paraquedas e amortecida por pequenos propulsores.

Tripulantes da missão Soyuz MS-27 (da esquerda para a direita): o astronauta da NASA Jonny Kim e os cosmonautas da Roscosmos Sergey Ryzhikov e Alexey Zubritsky. Crédito: Roscosmos/NASA

Em poucas palavras:

  • A missão espacial russa Soyuz MS-27 retornou após temporada de oito meses na ISS;
  • A cápsula pousou no Cazaquistão com descida controlada segura;
  • Equipes resgataram tripulantes, realizaram exames iniciais e confirmaram estabilidade;
  • O pouso marcou a conclusão das tarefas da Expedição 73;
  • Nova equipe assumiu operações enquanto tripulantes voltavam para casa.

Conclusão da missão marca fim da Expedição 73 da ISS

Equipes de resgate da Roscosmos, acompanhadas por representantes da NASA, chegaram rapidamente ao ponto de pouso para auxiliar Sergey Ryzhikov, Alexey Zubritsky e Jonny Kim a deixarem a cápsula e se acomodarem em cadeiras para os primeiros exames médicos. Ryzhikov e Kim demonstraram bom humor e pareciam em ótimas condições, enquanto Zubritsky foi encaminhado diretamente para uma tenda médica inflável para uma checagem mais detalhada – que não apontou nada de grave.

Pouco depois do pouso, Ryzhikov celebrou o sucesso da missão e afirmou que todas as tarefas da Expedição 73 foram concluídas com êxito. A numeração das Expedições marca períodos contínuos de operação na ISS. Cada “turma” reúne membros de diferentes missões em um intervalo de aproximadamente seis meses, tempo típico de permanência dos astronautas em missões de longa duração, que geralmente vão de cinco a oito meses, dependendo da logística dos lançamentos e retornos.

Em seguida, os três tripulantes da Soyuz MS-27 foram levados de helicóptero para Karaganda, onde ficam as equipes de apoio. De lá, Kim seguiria em um avião da NASA para Houston, nos EUA, enquanto Ryzhikov e Zubritsky seriam transportados ao Centro de Treinamento de Cosmonautas Gagarin, na Rússia, para o processo de adaptação pós-voo.

A espaçonave Soyuz MS-27 se desacoplando do módulo Prichal da Estação Espacial Internacional para retornar à Terra, na segunda-feira (8). Crédito: NASA

A viagem de volta à Terra começou na segunda-feira (8), quando a cápsula se desacoplou do módulo Prichal da ISS. A separação ocorreu às 21h41, marcando oficialmente o fim da Expedição 73 e dando início à Expedição 74. Na cerimônia de troca de comando realizada no domingo (7), Kim destacou a forte união do grupo ao longo dos oito meses no espaço.

O astronauta revelou que o maior aprendizado da missão foi perceber que, além da técnica e da disciplina, a cooperação e o apoio mútuo são fundamentais para a vida em órbita. De acordo com o site Space.com, ele declarou que esse espírito de parceria se refletia não apenas dentro da estação, mas também no trabalho conjunto com as equipes que atuam em solo.

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Trio de astronautas passou 245 dias em órbita

Enquanto os três retornavam, a nova tripulação da Expedição 74 assumia as operações na ISS. O comandante Mike Fincke, da NASA, lidera a equipe, que inclui os astronautas Zena Cardman e Chris Williams, também da agência estadunidense, Kimiya Yui, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), e os cosmonautas Oleg Platonov, Sergey Kud-Sverchkov e Sergey Mikaev. Kud-Sverchkov, Mikaev e Williams chegaram no fim de novembro, em um voo da Soyuz cujo lançamento deixou seriamente danificada a única plataforma russa capaz de lançar missões para a estação.

Durante os 245 dias em órbita, Ryzhikov, Zubritsky e Kim participaram de centenas de experimentos científicos e demonstrações tecnológicas. Eles também realizaram atividades rotineiras de manutenção da estação e acompanharam a chegada e saída de naves de carga, incluindo as primeiras versões modernizadas das espaçonaves Cygnus XL, da Northrop Grumman, e HTV-X, da JAXA.

Zubritsky e Ryzhikov realizaram ainda duas caminhadas espaciais, durante as quais instalaram novos experimentos, realocaram equipamentos e reposicionaram um controlador ligado ao Braço Robótico Europeu no segmento russo da estação. 

Seguindo a tradição, o comandante da Soyuz MS-27, Sergey Ryzhikov, da Roscosmos, assina e data a parte externa da cápsula de retorno carbonizada. Crédito: NASA

Ryzhikov, de 51 anos, agora ultrapassa a marca de 600 dias totais no espaço, um feito atingido por poucas pessoas na história. Zubritsky, de 33 anos, tornou-se a 630ª pessoa a viajar para a órbita terrestre, seguido de Kim, de 41 anos, como a 631ª. 

A Soyuz MS-27 é a 73ª nave desse modelo a viajar para a ISS e a 156ª Soyuz lançada desde 1967 – somando esse e todas as versões anteriores (Soyuz, Soyuz-T, Soyuz-TM, Soyuz-TMA e Soyuz-TMA-M) – o que reforça o papel central dessa família de veículos espaciais nas missões tripuladas russas.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.