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A Rússia, que tinha ambições de liderança global em inteligência artificial sob o comando de Vladimir Putin, agora enfrenta barreiras gigantescas: sanções internacionais, falta de hardware e fuga de talentos. A guerra na Ucrânia e o isolamento tecnológico estão minando esses planos, segundo matéria do The Wall Street Journal.
Enquanto isso, Moscou tornou-se cada vez mais dependente da China para obter chips, software e até acesso a modelos de IA como o ChatGPT. O que parecia um futuro promissor converteu-se numa luta para o país permanecer no jogo.

O declínio inesperado da IA russa
Apesar de discursos grandiosos, os resultados da Rússia no mundo da IA são tímidos. Em plataformas de avaliação como a LM Arena, o modelo russo de melhor desempenho ficou apenas na 25ª posição, atrás até de versões mais antigas do ChatGPT e do Google Gemini. No ranking da Global AI Vibrancy Tool, da Universidade de Stanford, a Rússia aparece em 28º lugar entre 36 países – bem atrás de potências como EUA e China.
Por que a Rússia está travada?
- As sanções ocidentais impedem o acesso a chips de ponta e hardware essencial para treinar IA.
- GPUs, importantes para treinar modelos, viraram artigo de luxo: as importações russas despencaram 84% após a guerra.
- Cartões bancários russos não funcionam bem no exterior, tornando até o pagamento de assinaturas de IA complicados — então empresas recorrem a “meios alternativos”, como cartões de outros países ou intermediários.
Esse cenário força a Rússia a depender de intermediários e, especialmente, da China, ampliando uma dependência estratégica preocupante.

A fuga de cérebros também pesa
Só em 2022, mais de 100 mil profissionais de TI saíram da Rússia e não retornaram.
A Rússia está anos atrasada no desenvolvimento de sua própria IA. [Ela] já perdeu a competição e é impossível alcançá-la.
Yury Podorozhnyy, ex-executivo de tecnologia que fugiu para Londres com a esposa grávida após a invasão da Ucrânia, ao WSJ.
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Para Anna Fedosova, “é muito difícil contratar um engenheiro de IA de alto nível na Rússia”. Ela estima que entre 70% e 80% dos talentos mais brilhantes da IA já saíram do país, o que mina qualquer plano de crescimento local.

Até robôs saem de cena
Nem os robôs russos escapam das dificuldades. Recentemente, a estrela da IA foi um humanoide chamado AIDOL. A ideia era impressionar, mas a apresentação virou meme: ele entrou no palco andando meio torto, tentou acenar e… caiu.
A demonstração foi interrompida. Os organizadores disseram que o robô “aprenderá com as consequências de suas próprias ações”. Isso se tornou simbólico no momento, já que todo o projeto de IA russo parece tropeçar.