Contagem de passos pode revelar risco precoce de Parkinson, indica estudo

Pesquisa com quase 100 mil pessoas mostra que passos medidos por acelerômetro antecipam risco futuro da doença
Leandro Costa Criscuolo09/12/2025 06h10
passos
Imagem: New Africa/Shutterstock
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A quantidade de passos dados por dia pode ajudar a identificar quem corre maior risco de desenvolver doença de Parkinson no futuro.

A conclusão é de uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Big Data de Oxford e pelo Departamento Nuffield de Saúde Populacional, que observou padrões de atividade reduzida como possível marcador inicial da condição.

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo e cresce rapidamente: eram 9,4 milhões de casos em 2020, contra 5,2 milhões em 2004.

Estudos mostram que sinais motores discretos podem surgir até dez anos antes do diagnóstico formal — uma fase crucial para entender o avanço da doença e detectar fatores modificáveis.

doenca de parkinson
Padrões de atividade reduzida surgem anos antes do diagnóstico e podem ajudar na detecção antecipada (Imagem: R Photography Background/Shutterstock)

Dados revelam padrão consistente

  • Para investigar essa relação, pesquisadores analisaram informações do UK Biobank, que acompanha mais de meio milhão de adultos no Reino Unido.
  • Um subgrupo de 94.696 participantes usou acelerômetros de pulso por até sete dias entre 2013 e 2015, permitindo medir objetivamente a contagem de passos.
  • A média registrada foi de 9.446 passos diários. Pessoas que davam mais de 12.369 passos por dia eram, em geral, mais jovens e tinham menor índice de massa corporal.
  • Entre os pacientes que futuramente desenvolveram Parkinson, a contagem de passos já era menor do que no restante da população, mesmo muitos anos antes do diagnóstico.
  • Ao longo de 7,9 anos de acompanhamento, 407 participantes receberam o diagnóstico de Parkinson.

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Contagem diária de passos pode funcionar como marcador precoce de Parkinson (Imagem: Daisy Daisy/ Shutterstock)

Um marcador precoce — não necessariamente um fator de risco

O estudo, publicado na npj Parkinson’s Disease, mostrou que caminhar mais de 12.369 passos por dia estava associado a um risco 59% menor de desenvolver a doença. Em uma análise contínua, cada 1.000 passos adicionais representaram um risco 8% menor.

No entanto, quando os pesquisadores analisaram diferentes janelas de tempo, o padrão ficou claro: a associação era mais forte nos primeiros anos após a medição dos passos e perdia força à medida que o tempo passava — chegando até a não significância estatística após seis anos.

Segundo os autores, isso indica que a menor atividade física funciona mais como um sinal precoce da doença já em desenvolvimento do que como um fator que causa o Parkinson.

Para os especialistas, monitorar rotinas de movimentação via celulares e dispositivos vestíveis pode se tornar uma ferramenta valiosa para a detecção antecipada.

Pessoa segurando seu pulso direito com a mão esquerda; na mão direita, há um copo quase cheio de água
Estudo identifica padrão consistente na relação entre passos diários e incidência da doença (Imagem: Creative Cat Studio/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.