Proteína cerebral revela por que vícios se formam tão facilmente, diz estudo

Descoberta mostra como pequenas alterações na atividade neuronal reforçam hábitos automáticos e associações de recompensa
Leandro Costa Criscuolo09/12/2025 15h58
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(Imagem: Sophonnawit Inkaew / iStock)
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Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Georgetown identificaram como ajustes na atividade de uma proteína específica do cérebro — a KCC2 — podem alterar a forma como associamos estímulos a recompensas.

Esse processo é essencial para aprender comportamentos positivos e evitar padrões prejudiciais, como o vício. O estudo foi publicado na Nature Communications.

“Esse mecanismo básico de associar estímulos a experiências prazerosas é afetado em condições como dependência química, depressão e esquizofrenia”, explica Alexey Ostroumov, PhD, professor de farmacologia e autor sênior da pesquisa.

Ilustração de cérebro humano
Cérebro cria hábitos sem perceber — e agora sabemos o motivo – Imagem: MilletStudio/Shutterstock

Proteína que molda a aprendizagem de recompensas

  • A equipe descobriu que a redução da KCC2 eleva a atividade dos neurônios dopaminérgicos, que produzem dopamina — neurotransmissor ligado à motivação e ao prazer — facilitando a formação de novas associações de recompensa.
  • Experimentos com roedores mostraram que até pequenas variações nesse sistema influenciam comportamentos condicionados, como responder a sinais que preveem comida.
  • Os pesquisadores também observaram que, quando os neurônios disparam de forma sincronizada, ocorrem breves picos de dopamina capazes de reforçar memórias de estímulos recompensadores.
  • Esse mecanismo ajuda a explicar por que hábitos indesejados, como acender um cigarro após o café, se tornam tão automáticos.

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Cientistas identificam mecanismo que fortalece comportamentos viciantes – Imagem: shutterstock/Doucefleur

Drogas, coordenação neuronal e novos tratamentos

O estudo também investigou medicamentos como o diazepam, que podem modificar a coordenação entre neurônios e, consequentemente, influenciar o aprendizado.

Para isso, a equipe combinou técnicas como análise molecular, modelagem computacional e testes comportamentais com ratos, que apresentam desempenho mais estável em tarefas complexas.

Segundo os autores, compreender como a KCC2 regula essas associações pode abrir caminhos para terapias mais eficazes contra vícios e outros transtornos relacionados ao aprendizado de recompensas.

Proteína KCC2 surge como peça-chave para entender dependência química e desenvolver tratamentos mais eficazes – Imagem: nobeastsofierce / Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.