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Apesar de aparecer no céu como uma simples bola brilhante, o Sol é um ambiente extremamente dinâmico, cheio de explosões, ondas de plasma e movimentos constantes. Essa agitação levanta uma pergunta comum: afinal, o Sol emite algum som? Para entender essa questão, é preciso analisar tanto o funcionamento do som quanto as características do espaço que cerca a Terra.
O Sol emite som ou é completamente silencioso?
O Sol gera ondas acústicas internas, mas elas não chegam até nós como ruído audível. O gás superaquecido se movimenta continuamente, comprimindo e descomprimindo o plasma e criando vibrações que se propagam pelo interior da estrela.
Essas oscilações são, em sua maioria, ondas de pressão conhecidas como modos p (“pressure”), que fazem o Sol vibrar como um enorme instrumento musical. O estudo detalhado desses modos p permite mapear o interior solar com grande precisão, originando o campo da heliosismologia.

Por que o som do Sol não chega até a Terra?
O som é uma onda mecânica e precisa de um meio material denso para se propagar. Entre o Sol e a Terra, o espaço é extremamente rarefeito, de modo que a cadeia de colisões entre partículas não se mantém em longas distâncias.
Com isso, mesmo explosões solares muito energéticas afetam a Terra por meio de radiação e tempestades geomagnéticas, mas não são percebidas como barulho. Em alguns ambientes especiais, como aglomerados de galáxias, o gás quente mais denso permite que ondas de pressão se comportem como verdadeiras ondas sonoras em escala cósmica.
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Como os cientistas conseguem ouvir o som do Sol?
Os cientistas utilizam técnicas de sonificação para converter oscilações solares em frequências dentro da faixa audível humana. Não se trata de “gravações” diretas, mas da tradução de dados físicos, como vibrações de superfície e variações de brilho em sons.
Esse processo, aplicado na heliosismologia, transforma deslocamentos minúsculos da superfície solar em ruídos graves e contínuos. Para isso, as frequências naturais do Sol são aceleradas ou ajustadas, permitindo análises comparativas e uso em educação e divulgação científica.
- Satélites observam a luz e o movimento da superfície solar.
- Os dados são convertidos em frequências numéricas.
- Essas frequências são ajustadas para a faixa audível humana.
- O resultado final é apresentado como um som representativo do Sol.
O som do Sol ajuda a entender sua estrutura e atividade?
A sonificação do Sol não é apenas curiosidade: ela auxilia a investigar a estrutura interna da estrela e seu ciclo de atividade de cerca de 11 anos. Ao acompanhar como as frequências mudam, é possível mapear regiões mais densas, quentes e ativas.
Esses dados permitem prever impactos no clima espacial e em tecnologias na Terra, além de aprimorar modelos de evolução estelar. A “voz” científica do Sol revela que, por trás de sua aparência estável, existe um sistema em constante vibração e transformação.
- Estimar a intensidade de futuras tempestades solares.
- Prever efeitos em redes de energia, navegação e satélites.
- Refinar modelos de evolução de estrelas semelhantes ao Sol.

O som pode se propagar perto de buracos negros?
Ondas mecânicas não se propagam no vácuo, mas podem viajar em regiões com gás quente suficientemente denso, como em certos aglomerados de galáxias. No aglomerado de Perseu, a NASA identificou ondas de pressão geradas por um buraco negro supermassivo.
Essas ondas, traduzidas em uma nota cerca de 57 oitavas abaixo do dó central, foram amplificadas em níveis extremos e sonificadas por pesquisadores do Observatório Chandra. Assim, foi possível demonstrar que, em condições específicas, o espaço não é totalmente silencioso.