Nutriente comum ativa defesa do intestino contra diabetes, diz estudo

Pesquisadores descobriram como molécula produzida no intestino interfere diretamente na resposta inflamatória
Leandro Costa Criscuolo10/12/2025 12h27
ovos carne peixe
Imagem: artem evdokimov/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

Pesquisas recentes mostram que o microbioma intestinal desempenha um papel cada vez mais importante na prevenção de doenças.

Agora, um estudo liderado por cientistas do Imperial College London identificou que um nutriente presente em alimentos comuns pode ajudar o organismo a regular a insulina e reduzir o risco de diabetes tipo 2.

microrganismos
Estudo aponta que alimentos comuns podem ajudar a prevenir diabetes (Imagem: FOTOGRIN / Shutterstock.com)

Como a dieta rica em gordura desencadeia inflamação

  • Dietas com alto teor de gordura podem provocar inflamação crônica no organismo, resultado de desequilíbrios hormonais, alterações no sistema imunológico e estresse celular.
  • Esse estado inflamatório favorece a resistência à insulina — condição em que as células não respondem adequadamente ao hormônio responsável por permitir a entrada de glicose. Com o tempo, isso pode evoluir para o diabetes tipo 2.
  • Os pesquisadores identificaram um elemento-chave nesse processo: a proteína imunológica IRAK4, que atua como um “alarme” inflamatório quando o corpo é exposto de forma contínua a gordura. Níveis elevados e prolongados de IRAK4 acabam contribuindo para a resistência à insulina.

Colina, microbioma e o “freio” da inflamação

A equipe encontrou, porém, um caminho natural para neutralizar esse mecanismo.

Em experimentos com camundongos e células humanas, os cientistas observaram que, ao chegar ao intestino, a colina — nutriente abundante em ovos, vísceras, peixes, leite e carnes — é convertida pelos micróbios em um metabólito chamado trimetilamina (TMA).

insulina
Achado pode levar a novos medicamentos e estratégias alimentares voltadas ao controle da insulina (Imagem: Kittisak Kaewchalun/iStock)

Leia mais:

Essa molécula se liga ao IRAK4 e bloqueia sua atividade, reduzindo a inflamação e restaurando a sensibilidade à insulina.

Segundo o pesquisador Marc-Emmanuel Dumas, o achado “muda completamente a perspectiva”, revelando um novo modo de o microbioma proteger o corpo dos danos de uma dieta inadequada.

O estudo também mostrou que a inibição direta da IRAK4, seja por medicamentos ou alterações genéticas, produz efeitos semelhantes.

A descoberta pode abrir novas estratégias de prevenção e tratamento do diabetes relacionado a dietas ricas em gordura, combinando intervenções alimentares e futuras terapias. A pesquisa foi publicada na revista Nature Metabolism.

micróbios
Intestino produz “molécula antidiabetes” quando recebe nutriente abundante na dieta (Imagem: Komsan Loonprom / Shutterstock.com)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.