Refrigerante zero oferece risco maior ao fígado do que versões tradicionais, diz estudo

Estudo indica que refrigerante zero pode aumentar ainda mais o risco de gordura no fígado do que bebidas açucaradas.
Maurício Thomaz11/12/2025 06h00
Até uma lata de refrigerante zero por dia pode elevar risco hepático, aponta pesquisa
Até uma lata de refrigerante zero por dia pode elevar risco hepático, aponta pesquisa (Imagem: Bauwimauwi / Shutterstock)
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Um novo estudo apresentado na Semana Europeia de Gastroenterologia, em Berlim, reacendeu o debate sobre os impactos do refrigerante zero na saúde. A pesquisa, que acompanhou mais de 120 mil pessoas por mais de dez anos, aponta que tanto bebidas adoçadas com açúcar quanto opções diet, zero ou light estão associadas a um risco significativamente maior de desenvolver MASLD — doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica.

Entre os resultados mais surpreendentes está o fato de que versões de refrigerante zero podem elevar ainda mais o risco do que as bebidas açucaradas tradicionais, contrariando a percepção de que seriam alternativas mais saudáveis.

Refrigerante zero eleva risco em até 60%, aponta estudo

Os pesquisadores analisaram dados de 123.788 pessoas sem doença hepática no início do estudo. A ingestão de bebidas foi monitorada por questionários periódicos, permitindo identificar o impacto de diferentes tipos de consumo na saúde do fígado.

O levantamento mostrou que:

  • Consumir mais de 250 g por dia de bebidas diet ou zero aumentou em 60% o risco de MASLD;
  • Bebidas açucaradas tradicionais elevaram esse risco em 50%;
  • Durante o período analisado, 1.178 participantes desenvolveram a doença e 108 morreram por causas hepáticas.
Consumir mais de 250 g por dia de bebidas diet ou zero aumentou em 60% o risco de MASLD (Imagem: MMD Made my dreams/Shutterstock)

Além disso, as versões zero também foram associadas a maior risco de morte relacionada ao fígado, mesmo sem ligação direta com mortalidade geral nas bebidas açucaradas. Segundo os autores, ambas as categorias de bebidas contribuíram para níveis mais altos de gordura no fígado.

A MASLD — antes conhecida como gordura no fígado não alcoólica — é hoje a doença hepática crônica mais comum no mundo, afetando mais de 30% da população global.

Uma lata por dia já aumenta o perigo; água é a única substituição eficaz

A autora principal, Lihe Liu, afirma que alternativas diet “são frequentemente vistas como mais saudáveis”, mas os dados mostram o contrário. Para ela, até mesmo uma lata diária de refrigerante zero pode elevar o risco de desenvolver MASLD.

O estudo discute possíveis mecanismos: nas bebidas açucaradas, o problema pode incluir picos de glicose e insulina, aumento do ácido úrico e ganho de peso. Já as versões zero podem afetar a microbiota intestinal, alterar sinais de saciedade e até estimular a secreção de insulina — processos que também favorecem o acúmulo de gordura hepática.

Médico mostrando fígado com gordura, doença hepática em fundo branco.
Tomar muito refrigerante zero também pode contribuir para o aumento da gordura no fígado (Shutterstock / SoftSheep)

Quando analisaram substituições, os pesquisadores encontraram um único padrão protetor claro: trocar qualquer bebida açucarada ou zero por água reduziu significativamente o risco. Ao substituir bebidas açucaradas por água, houve redução de 12,8%, enquanto que, ao substituir bebidas zero por água, a redução foi de 15,2%.

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Por outro lado, substituir refrigerante zero por versões tradicionais — ou o contrário — não trouxe benefício algum. Segundo Liu, “a água continua sendo a melhor opção, pois alivia a sobrecarga metabólica e previne o acúmulo de gordura no fígado”.

Os autores planejam novos estudos, especialmente para investigar a interação entre açúcar, adoçantes artificiais, microbiota intestinal e saúde hepática.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.