Seu mundo não está ficando cinza por acaso: o envelhecimento está apagando as cores da sua visão

Com a idade, a percepção das cores muda. Porém, não é repentinamente, mas sim de maneira gradual, afetando o dia a dia dos idosos
Por Roberta Patriota, editado por Layse Ventura 11/12/2025 11h00
Seu mundo não está ficando cinza por acaso: o envelhecimento está apagando as cores da sua visão
Muitas alterações cromáticas estão ligadas a mudanças na córnea, no cristalino e na retina
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O envelhecimento não transforma apenas a forma como o corpo funciona; ele também altera a maneira como o mundo é visto, reduzindo a vivacidade e percepção das cores e contraste, sobretudo em situações de baixa luminosidade, mesmo em pessoas sem doenças oculares diagnosticadas.

Essas mudanças, em geral, são graduais e muitas vezes só são notadas ao comparar a visão atual com fases mais jovens da vida.

Descubra o que você vai ler neste texto:

  • O envelhecimento muda intensidade e vivacidade das cores.
  • Dificuldade em diferenciar tons próximos, especialmente azul e verde.
  • Sensibilidade ao contraste diminui, afetando leitura e direção.
  • Mudanças na córnea, cristalino e retina influenciam a visão.
  • Fatores cerebrais também alteram a percepção das cores.
  • Importância de consultas oftalmológicas e boa iluminação.
  • Proteção contra UV ajuda a preservar a visão

O que muda na percepção das cores com o envelhecimento?

A palavra-chave nessa discussão é percepção das cores, que envolve intensidade, brilho e saturação, e não apenas a capacidade de enxergar determinadas tonalidades. Com a idade, torna-se comum maior dificuldade em distinguir tons próximos, especialmente entre azuis e verdes, fazendo com que alguns idosos percebam certos tons como “lavados” ou “acinzentados”.

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O envelhecimento também reduz a sensibilidade ao contraste, tornando mais exigentes tarefas como ler rótulos, identificar sinais à distância ou escolher roupas de cores semelhantes. Esses efeitos são mais evidentes em ambientes com pouca luz, dificultando atividades como caminhar em calçadas irregulares ao entardecer ou dirigir à noite com segurança.

Quais fatores oculares influenciam a percepção das cores?

Muitas alterações cromáticas estão ligadas a mudanças na córnea, no cristalino e na retina, que se tornam menos eficientes com o passar dos anos. O cristalino tende a ficar mais espesso e amarelado, filtrando a luz azul, enquanto a perda gradual de fotorreceptores reduz a sensibilidade a cores e contraste.

Entre as condições mais associadas a mudanças na percepção de cor estão as seguintes, muitas vezes identificadas em consultas de rotina com o oftalmologista:

Fatores Oculares e Cores

Fatores Oculares e Percepção de Cores

Estrutura / Condição Mecanismo de Alteração Impacto na Percepção das Cores
Cristalino (Envelhecimento) Fica mais espesso e amarelado (brunescência), atuando como um filtro. Reduz a entrada de luz e filtra a luz azul, diminuindo a vivacidade e saturação de tons azuis e verdes.
Retina (Envelhecimento) Ocorre perda gradual de fotorreceptores (cones e bastonetes). Reduz a sensibilidade geral a cores e contraste, dificultando a distinção entre tonalidades próximas e detalhes finos.
Catarata O cristalino torna-se opaco e intensamente amarelado. Causa grande redução na entrada de luz e na percepção das cores, sendo particularmente notável a perda de tons azuis e verdes.
Glaucoma Danifica o nervo óptico, que é responsável pela transmissão de sinais visuais. Pode alterar a transmissão de sinais de cor e contraste para o cérebro, muitas vezes de forma sutil.
Degeneração Macular (DMRI) Afeta a mácula (área central da retina). Prejudica a percepção de detalhes finos e a distinção de tonalidades nas cores, especialmente na visão central.

Como o cérebro participa na percepção das cores ao longo da vida?

Mesmo sem doença aparente nos olhos, a percepção das cores pode mudar devido a alterações cerebrais relacionadas ao envelhecimento. O sistema visual envolve o nervo óptico e áreas do córtex visual, cuja velocidade de processamento e integração com memória e atenção pode diminuir com o tempo.

Estudos mostram que, em pessoas idosas, a resposta pupilar a cores intensas tende a ser menor, mesmo corrigindo o efeito da pupila naturalmente menor. Além disso, alterações vasculares cerebrais e pequenos infartos silenciosos podem influenciar de forma sutil a forma como o cérebro interpreta cores, mesmo com exames neurológicos aparentemente normais.

Seu mundo não está ficando cinza por acaso: o envelhecimento está apagando as cores da sua visão
Muitas alterações cromáticas estão ligadas a mudanças na córnea, no cristalino e na retina, que se tornam menos eficientes com o passar dos anos.

Quais cuidados práticos ajudam a manter a visão de cores?

Apesar de a mudança na percepção das cores ser comum, alguns cuidados simples ajudam a preservar a qualidade visual e a segurança nas atividades diárias. Essas medidas não substituem acompanhamento profissional, mas tornam o ambiente visual mais confortável e funcional.

  1. Realizar consultas periódicas com o oftalmologista: identificar precocemente catarata, glaucoma e outras condições permite tratamento oportuno e proteção da visão de cores.
  2. Aprimorar a iluminação dos ambientes: usar luz adequada em locais de leitura, escadas e cozinha compensa parte da perda de sensibilidade ao contraste.
  3. Rever o uso de medicamentos: alterações súbitas na cor ou no brilho das imagens devem ser comunicadas ao profissional de saúde para avaliar possíveis efeitos de fármacos.
  4. Proteger os olhos da radiação ultravioleta: óculos com proteção UV, bonés e evitar sol intenso ajudam a reduzir danos cumulativos ao cristalino e à retina.
Colaboração para o Olhar Digital

Roberta Patriota é colaborador no Olhar Digital

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.