Brasil ganha primeiro laboratório voltado para extração de terras raras; saiba mais

Inaugurada em Caldas (MG), planta será operada pela empresa australiana Meteoric e servirá inicialmente como piloto para operações maiores
Daniel Junqueira13/12/2025 16h55
Minerais
Brasil tem a segunda maior reserva de minerais raros do mundo (Imagem: Rebel Red Runner/Shutterstock)
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A extração de terras raras deu um novo passo no Brasil com o início das operações de um laboratório em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais.

A estrutura pertence à mineradora australiana Meteoric e funciona como uma planta piloto ligada ao Projeto Caldeira, que prevê a exploração desses minérios em uma área de 193 km² no município vizinho de Caldas.

Segundo a empresa, é a primeira unidade do país voltada ao refino desse tipo de material. O laboratório foi inaugurado oficialmente nesta sexta-feira (12) após um investimento de US$ 1,5 milhão.

A liberação para funcionamento veio com a concessão da primeira licença ambiental em Minas Gerais para uma planta piloto de extração de terras raras, segundo o G1.

Terras raras são fundamentais para a transição energética

Chamadas de “terras raras”, essas substâncias são um grupo de elementos químicos utilizados em diversas cadeias tecnológicas. Elas estão presentes na produção de telas eletrônicas, equipamentos médicos, componentes de informática e, principalmente, em ímãs permanentes usados em motores de veículos elétricos e sistemas de geração de energia eólica.

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Apesar da relevância do tema, o volume processado na nova unidade é bastante limitado. A planta piloto tem capacidade para trabalhar com até 500 quilos por ano de carbonato misto de terras raras, um concentrado inicial obtido a partir do minério.

Para efeito de comparação interna do projeto, a expectativa da Meteoric é que a futura mina do Projeto Caldeira chegue a 18 mil toneladas anuais quando estiver em plena operação.

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Terras raras são essenciais para baterias de carros elétricos, turbinas (Imagem: Fellipe Abreu/iStock)

No funcionamento diário da planta, cerca de 600 quilos de argila são processados, gerando aproximadamente 2 quilos de carbonato misto. Desse total, 53% correspondem a óxidos de terras raras.

Todo o material utilizado nessa fase vem de amostras coletadas durante as campanhas de pesquisa realizadas na área onde a empresa pretende explorar o minério.

Atividade vai ser acompanhada pela ANSN

Um ponto sensível da atividade é a possível presença de elementos radioativos, como urânio e tório, associados às terras raras.

Por causa disso, o laboratório opera sob acompanhamento da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). Segundo a empresa, testes anteriores indicaram níveis baixos de radioatividade, mas o monitoramento seguirá durante toda a fase piloto no Brasil.

Enquanto o laboratório já funciona, o licenciamento ambiental das minas previstas para Caldas e Poços de Caldas segue travado. O Copam adiou por duas vezes a análise dos pedidos, primeiro após pressão por mais informações e, depois, por recomendação do Ministério Público Federal, que levantou questionamentos sobre impactos ambientais e riscos às comunidades do entorno.

A região conhecida como Planalto ou Cratera de Poços de Caldas concentra uma das maiores ocorrências de terras raras do planeta. Com cerca de 800 km², a área se estende por municípios mineiros e paulistas e pode reunir até 300 milhões de toneladas desses minérios, segundo estimativas geológicas.

Redator(a)

Daniel Junqueira é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Iniciou sua carreira cobrindo tecnologia em 2009. Atualmente, é repórter de Produtos e Reviews no Olhar Digital.

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