Se galinhas são aves e têm penas, por que não voam?

Embora sejam aves e tenham penas, as galinhas não voam como outras espécies. Entenda quais características anatômicas e evolutivas limitaram sua capacidade de voo
Por Marcelo Valladão, editado por Layse Ventura 13/12/2025 05h20
Visão fotográfica de cena de várias galinhas comendo em terreiro
Galinhas são importantes na cadeia alimentar humana (Foto: @Freepik/Freepik com IA)
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Você já se perguntou a razão pela qual as galinhas, mesmo sendo aves, por que não voam como os pássaros? A explicação para as galinhas não voarem como outras aves passa por uma análise
detalhada da anatomia desses animais, das características das asas e do corpo, além da comparação com outras aves que possuem habilidades de voo muito mais desenvolvidas.

Antes de começarmos, vale esclarecer a diferença entre ave e pássaro. Ave é a classe biológica para os animais que possuem penas, asas e bico. Já o pássaro é um tipo específico de ave. Em suma, todos os pássaros são aves, mas não o contrário.

Vamos entender como funciona o voo nas aves em geral e as razões que tornam as galinhas uma exceção, mas convenhamos, apesar de não voarem muito alto, as galinhas, ao menos, são muito importantes dentro da nossa cadeia alimentar.

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Se galinhas são aves, por que não voam como os pássaros?

Galo em cima de tronco com árvore florida atrás em foto bem iluminada peloa luz solar
Galinhas não voam por características anatômicas, entre outras (Imagem: @Freepik/Freepik)

A explicação para as galinhas não voarem como outros pássaros passa por uma análise detalhada de sua anatomia, das características das asas e do corpo, além da comparação com outras aves que possuem habilidades de voo muito mais desenvolvidas.

Vamos entender como funciona o voo nas aves em geral e as razões que tornam as
galinhas uma exceção.

A asa de um pássaro: estrutura real e função

A asa de um pássaro não é apenas um braço com dedos fundidos, embora essa seja a explicação comum simplificada. A anatomia das asas é muito mais complexa e adaptada ao voo.

As asas de uma ave podem ter formatos diferentes, apropriados ou não, para o voo (Imagem: Shutterstock AI/Shutterstock)

Em termos gerais, ela tem muitos pontos para analisarmos:

  • Estrutura óssea: O braço do pássaro é formado por úmero, rádio e ulna, assim como o braço humano, mas com adaptações para o voo;
  • Dedos fundidos: Os dedos do pássaro são reduzidos e parcialmente fundidos, formando uma estrutura rígida que dá estabilidade e ajuda na movimentação da asa;
  • Músculos de voo: Existem músculos poderosos, especialmente o peitoral maior e o supracoracoide, que são responsáveis por controlar o movimento das asas. Esses músculos são necessários para as batidas das asas que impulsionam o animal no ar;
  • Penas: As penas de voo (rêmiges) são presas à asa ao longo de todo o seu comprimento. Elas são essenciais para gerar sustentação. Sem elas, as asas não teriam área de superfície suficiente para o voo eficiente. As penas são a “lâmina aerodinâmica” que permite que a ave plane ou voe com o mínimo de resistência do ar.

Em resumo, as penas e a estrutura óssea da asa são as principais responsáveis por tornar o voo possível em aves. Sem elas, a ave não conseguiria voar de forma eficiente, muito menos sustentar-se no ar.

Por que as galinhas não voam como outros pássaros?

Embora as galinhas sejam, de fato, aves com penas e asas, elas não têm a capacidade de voar como outros pássaros.

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As asas de um avião, por exemplo, precisam ter formato, tamanho e densidade específicas para a segurança de um voo, com as aves não é diferente (Imagem: Boeing/Divulgação)

As razões para isso são várias, e envolvem aspectos evolutivos, anatômicos e de comportamento:

  • Corpo pesado e robusto – Galinhas foram selecionadas geneticamente para produção de carne e ovos, o que resultou em um corpo mais pesado. O seu peito volumoso, que contém músculos destinados à produção de carne, é muito mais pesado do que o de aves especializadas em voo. Essa estrutura não é ideal para sustentar o voo de longa distância;
  • Músculos de voo pouco desenvolvidos – Diferentemente de aves migratórias ou de rapina, como andorinhas, falcões ou gaviões, as galinhas possuem músculos de voo pouco desenvolvidos. Os músculos necessários para bater as asas com força suficiente para manter a ave no ar estão em menor quantidade e não são tão fortes, o que limita sua capacidade de voo;
  • Asas curtas e arredondadas – O formato e o tamanho das asas das galinhas são menos adequados para o voo prolongado. Elas têm asas curtas e arredondadas, o que é ideal para voos rápidos e curtos, mas não para gerar a sustentação necessária para voos de longa duração. Suas asas são mais adaptadas para ajudar a subir rapidamente em pequenos voos, como pular para uma cerca ou escapar de predadores;
  • Estilo de vida terrestre – As galinhas são aves cursoras, ou seja, estão mais adaptadas para caminhar e correr do que para voar. Elas se locomovem no solo, com corpos robustos e musculatura voltada para a corrida, ao invés de músculos especializados para o voo. Portanto, elas não têm as adaptações necessárias para o voo de longa distância.

Outras abordagens para o voo: o caso dos morcegos

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Morcego durante o voo (Imagem: Rudmer Zwerver/Shutterstock)

Embora as aves tenham as suas asas adaptadas para o voo com penas, outros grupos de animais, como morcegos e alguns répteis voadores, desenvolveram abordagens diferentes para voar, sem o uso de penas.

As asas dos morcegos são formadas por membranas de pele, esticadas entre dedos muito longos. Esse tipo de asa é fundamental para o voo do morcego, já que a membrana proporciona uma grande área de superfície para gerar sustentação. Além disso, o morcego pode ajustar a forma de sua asa durante o voo,
aumentando sua capacidade de manobra.

Nos morcegos, os dedos são muito longos e separados, ao contrário das aves, onde os dedos são fundidos. Nos morcegos, essa membrana entre os dedos e o corpo desempenha uma função semelhante à das penas nas aves, mas de uma maneira adaptada à sua morfologia.

Em suma, para as galinhas, a ausência de características aerodinâmicas como penas especializadas e músculos de voo fortes impede que elas alcancem o voo de longa distância.

Marcelo Valladão
Colaboração para o Olhar Digital

Marcelo Valladão é jornalista formado pela FIAM.Tem 20 anos no mercado, gosta de escrever sobre tecnologia, internet e mundo retrô. Atualmente é colaborador do Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.