União Europeia discute nova classe de carros elétricos focada em baixo custo

A União Europeia estuda criar uma nova classe de carros elétricos urbanos, com menos exigências técnicas, para reduzir preços e ampliar o acesso
Valdir Antonelli14/12/2025 08h47
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Imagem: divulgação/Dacia
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A União Europeia (UE) estuda criar uma nova classe de carros elétricos urbanos para reduzir preços e competir com modelos chineses cada vez mais baratos, afirma a InsideEVS.

A proposta busca tornar esses veículos mais acessíveis ao flexibilizar exigências técnicas e de segurança, sem abandonar um nível básico de proteção para o uso nas grandes cidades.

Carros elétricos urbanos mais simples, como o Dacia Hipster, podem ser a aposta da UE para ampliar o acesso e aumentar a concorrência no mercado.
Carros elétricos urbanos mais simples, como o Dacia Hipster, podem ser a aposta da UE para ampliar o acesso e aumentar a concorrência no mercado. Imagem: divulgação/Dacia

Categoria pretende baratear os carros elétricos

Carros novos estão cada vez mais caros na Europa, inclusive os compactos. Um dos principais motivos é a quantidade de equipamentos de segurança obrigatórios para a venda em países do bloco. Agora, a UE quer mudar esse cenário ao propor uma nova classe de veículos elétricos urbanos, com requisitos técnicos mais baixos e, consequentemente, preços menores.

Essa categoria, provisoriamente chamada apenas de “carro elétrico”, teria regras próprias, inspiradas nas regulamentações dos kei cars japoneses. A proposta prevê limites rígidos de tamanho e potência para definir quais modelos podem se enquadrar, o que ajudaria a reduzir o custo final dos veículos e ampliar sua atratividade no uso urbano.

Além disso, o plano inclui isenções específicas, que podem tornar esses carros ainda mais competitivos no preço final ao consumidor europeu.

Carros novos ficaram caros na Europa, e a UE aposta em elétricos urbanos mais simples para tentar reduzir os preços.
Carros novos ficaram caros na Europa, e a UE aposta em elétricos urbanos mais simples para tentar reduzir os preços. Imagem: divulgação/Dacia

Menos tecnologia, mas ainda com testes de segurança

Embora esses novos elétricos sejam menos equipados do que os carros convencionais, eles não ficarão totalmente desprotegidos. Diferentemente do Citroën Ami, considerado um quadriciclo, esses veículos passarão por testes de colisão e terão rigidez estrutural semelhante à de carros maiores.

Para alcançar uma redução de preço estimada entre 10% e 20%, alguns sistemas avançados de assistência à condução ficariam de fora. Entre eles:

  • Frenagem autônoma de emergência.
  • Detecção de sonolência e atenção do motorista.
  • Assistente de permanência em faixa.
  • Outros sistemas de segurança ativa mais complexos.

A proposta abre mão de parte da tecnologia embarcada para tornar o carro mais barato, mantendo um patamar mínimo de segurança estrutural.

Ao contrário do Citroën Ami, os novos elétricos urbanos da UE terão testes de impacto, mesmo com menos tecnologia embarcada.
Ao contrário do Citroën Ami, os novos elétricos urbanos da UE terão testes de impacto, mesmo com menos tecnologia embarcada. Imagem: Divulgação/Citroën

Quem pode se beneficiar?

Ainda não está claro quais modelos atuais poderiam se enquadrar nessa nova categoria. Carros como o Renault 5 E-Tech ou o Twingo são citados como possíveis candidatos, embora possam ser grandes demais. Já o Dacia Hipster parece mais alinhado à proposta, com dimensões compactas, baixa potência e foco total no uso urbano.

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Segundo a Dacia, um carro nesse formato poderia custar menos de € 15.000 (cerca de R$ 80 mil, antes de incentivos), exatamente o valor que a UE teria como meta para essa nova classe.

O objetivo declarado é ajudar fabricantes europeus a competir com marcas chinesas. No entanto, surge uma dúvida importante: essas mesmas regras também valeriam para montadoras da China? Empresas como a BYD, que expandem rapidamente sua presença na Europa, poderiam adaptar modelos como o Seagull — ou até criar um veículo sob medida — para se beneficiar da nova regulamentação, mesmo com tarifas de importação que chegam a 45%.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.