A virada que ninguém previu — e que está redesenhando o mercado de tecnologia em 2025

A revolução de 2025 foi impulsionada pela IA embarcada, que deslocou o centro da inovação da nuvem para o dispositivo.
Por Bruno Dupin, editado por Bruno Capozzi 14/12/2025 09h17
Em 2025, a verdadeira ruptura tecnológica veio da IA embarcada, que levou inteligência para dentro dos dispositivos em vez de depender apenas da nuvem. (Imagem: Andy/iStock)
Em 2025, a verdadeira ruptura tecnológica veio da IA embarcada, que levou inteligência para dentro dos dispositivos em vez de depender apenas da nuvem. (Imagem: Andy/iStock)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

Em 2018, as grandes apostas do mercado estavam em carros autônomos, metaverso e blockchain corporativo. Mas a verdadeira ruptura de 2025 veio de um lugar menos glamuroso — e muito mais estratégico: a inteligência artificial embarcada nos próprios dispositivos.

Durante anos, acreditou-se que a evolução da IA dependeria quase exclusivamente da nuvem. Modelos grandes, caros e pesados reforçavam essa visão. Enquanto o mundo discutia tendências futuristas, uma transformação silenciosa ganhava força no subsolo do Vale do Silício.

chatgpt gemini
O mercado de embedded AI cresce rapidamente, impulsionado por previsões bilionárias e pela expansão de dispositivos conectados capazes de executar modelos localmente. (Imagem: vfhnb12/Shutterstock)

Um relatório da Research Nester estimou que o segmento de embedded AI deve alcançar US$ 11,7 bilhões em 2025, com forte crescimento até 2035. A Technavio projeta taxas anuais superiores a 14% para dispositivos com IA integrada. Ao mesmo tempo, a IoT Analytics aponta para mais de 21 bilhões de dispositivos conectados até o fim de 2025, muitos já capazes de executar modelos localmente.

Aqui estão alguns casos concretos que já estão acontecendo no mercado

  • 1.⁠ ⁠Assistentes de compras com IA
    Varejistas passaram a utilizar assistentes de IA que funcionam tanto na nuvem quanto localmente, oferecendo recomendações personalizadas e aumentando velocidade de compra. O Rufus, da Amazon, é um exemplo claro: usuários que o utilizam apresentam taxas de conversão significativamente maiores.
  • 2.⁠ ⁠IA integrada em veículos e manufatura
    A indústria automotiva está incorporando IA embarcada para manutenção preditiva, monitoramento contínuo e otimização das linhas de produção — reduzindo falhas e custos operacionais.
  • 3.⁠ ⁠Dispositivos de visão computacional
    Câmeras inteligentes com IA local já são usadas em segurança pública, controle de tráfego e inspeções industriais, reagindo em tempo real sem depender da nuvem.
  • 4.⁠ ⁠Smartphones com IA avançada
    Fabricantes como Samsung e Apple integram IA diretamente nos chips dos aparelhos, possibilitando fotografia computacional mais precisa, assistentes contextuais e maior autonomia.
  • 5.⁠ ⁠Assistentes corporativos e produtividade
    Empresas estão adotando soluções de IA embarcada para automatizar relatórios, detectar padrões e gerar insights diretamente nos dispositivos de campo, sem depender exclusivamente de servidores centrais.

A combinação desses fatores produziu um cenário inesperado: a inteligência deixou a nuvem e passou a morar dentro dos produtos.

inteligência artificial
Smartphones e soluções corporativas incorporam IA diretamente no hardware, aumentando autonomia, velocidade e capacidade de análise em campo. (Imagem: tadamichi/Shuttterstock)

Podemos afirmar, com base em dados reais, que

  • O mercado de IA embarcada e dispositivos inteligentes está crescendo rapidamente, com projeções robustas para os próximos anos.
    Fonte: Research Nester
  • A adoção de IA em empresas e produtos segue acelerada, criando novas oportunidades de inovação e modelos de negócio.
    Fonte: Alura
  • Os casos de uso já transformam setores como varejo, mobilidade, manufatura e telecom, mostrando que a tecnologia saiu do estágio conceitual e se tornou parte central dos produtos e serviços modernos.

E quando isso aconteceu, tudo mudou.

A Amazon colheu resultados expressivos com o Rufus, parcialmente executado localmente. A indústria automotiva avançou em manutenção preditiva. Câmeras industriais passaram a operar visão computacional no próprio hardware. E fabricantes de smartphones aceleraram o uso de NPUs para processamento nativo de IA.

Leia mais:

O impacto não é apenas técnico — é estratégico.
As empresas deixaram de competir pelo “modelo maior” e passaram a competir por autonomia, velocidade e independência da nuvem.

A narrativa dominante mudou

A revolução de 2025 não foi sobre supercomputadores.
Foi sobre dispositivos inteligentes capazes de tomar decisões em tempo real, diretamente na borda, no mundo físico.

E talvez essa tenha sido a predição mais subestimada da década.

Bruno Dupin
Colunista

CEO da Startup Connection USA

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.