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Muito provavelmente você já ouviu falar que o estresse faz muito mal para a saúde. Mas sabia que essa reação pode afetar diretamente o seu coração? Na sequência deste conteúdo, vamos explicar todos os detalhes em relação à conexão entre a mente e o sistema cardiovascular.
Como e por que o excesso de estresse compromete as funções do coração?
O estresse é uma resposta natural do corpo diante de situações percebidas como ameaçadoras, envolvendo um conjunto de reações fisiológicas que preparam o organismo para agir.
Em curto prazo, essa resposta — conhecida como “luta ou fuga” — eleva a frequência cardíaca, aumenta a pressão arterial e intensifica a liberação de hormônios como cortisol e adrenalina. Esses ajustes tinham função adaptativa em nossos ancestrais diante de predadores, mas em contextos modernos de tensão contínua, tornam-se prejudiciais à saúde cardiovascular, podendo resultar em acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto, além de outros quadros graves de saúde.
A ligação entre o estresse e o coração

A tensão emocional contínua tem efeitos profundos sobre o organismo e se tornou um componente reconhecido na origem das doenças cardiovasculares. Quando o equilíbrio psicológico é rompido, uma série de mecanismos é acionada no corpo, envolvendo alterações biológicas, comportamentais e emocionais que, juntas, favorecem arritmias, infarto e agravamento de condições preexistentes.
No campo biológico, destacam-se o aumento do cortisol, a ativação excessiva do sistema nervoso simpático, processos inflamatórios e alterações na resposta imunológica. Esse ambiente fisiológico cria terreno fértil para lesões nas artérias e sobrecarga no músculo cardíaco.
Comportamentos que tendem a surgir ou se intensificar durante períodos de tensão — como ingerir alimentos gordurosos em excesso, fumar, consumir álcool ou outras substâncias, além de sedentarismo e sono irregular — são apontados como os principais amplificadores do risco cardiovascular, além de contribuírem para o surgimento de outras doenças. A dificuldade em manter tratamentos médicos também compõe esse conjunto de fatores.
No plano psicológico, emoções como pessimismo, ansiedade, irritabilidade, depressão, estresse prolongado e isolamento social completam o cenário desfavorável. Por isso, o estresse figura entre os clássicos fatores de risco para doenças do coração, ao lado de obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo e falta de atividade física.
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Pesquisas revelam como o estresse impacta o coração
Estudos conduzidos ao longo de décadas demonstram a ligação entre saúde mental e doenças cardiovasculares. Em experimentos com animais predispostos à aterosclerose, por exemplo, foi observado que a interação social e o ambiente influenciavam a evolução da doença.
Entre os seres humanos, um dos exemplos mais emblemáticos é a Síndrome de Takotsubo, conhecida popularmente como “síndrome do coração partido”. O quadro costuma surgir após um evento emocional ou físico intenso — um susto, uma perda repentina, um acidente ou alguma outra emoção muito forte. A resposta exagerada de adrenalina provoca um estreitamento temporário das artérias coronarianas, alterando o funcionamento do músculo cardíaco de forma semelhante a um episódio de infarto, mas sem a obstrução típica de uma artéria.
Vale destacar também que neste ano, uma pesquisa de cientistas cardiovasculares da UC Davis Health mostrou que mesmo períodos curtos de estresse intenso podem ativar complexos moleculares inflamatórios dentro das células cardíacas, contribuindo para disfunções e lesões no tecido cardíaco, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardíacas.

Sintomas de estresse
O estresse prolongado pode manifestar-se através de reclamações físicas que, embora comuns, como destacado pelo Hospital Albert Einstein, merecem atenção quando persistem:
- Mudanças de humor
- Ansiedade
- Dificuldade de manter a atenção
- Problemas de memória
- Tensão muscular
- Distúrbios do sono
- Formigamentos
- Fadiga constante e dificuldade de relaxar
- Pressão arterial elevada
Especialistas ressaltam que tais sinais nem sempre indicam uma doença cardíaca conclusiva, mas podem sinalizar que o organismo está sob impacto crônico do estresse — condição que, se não tratada, favorece eventos cardiovasculares ao longo do tempo.
Dados da OMS mostram um cenário alarmante
A preocupação é sustentada por dados. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), que foi divulgado por meio de um comunicado à imprensa em março de 2022, mostrou que, só no primeiro ano da pandemia, casos de ansiedade e depressão aumentaram em 25% no mundo.
Embora o estresse tenha recuado desde então, ainda não voltou aos níveis anteriores a 2019. Segundo o levantamento World Mental Health Day 2024, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países mais estressados, e 77% dos brasileiros reconhecem a necessidade de cuidar da própria saúde mental.
Como prevenir o estresse crônico
Assim como ressaltado pela psicóloga Selma Bordin, do Hospital Albert Einstein o estresse é uma resposta presente em todas as pessoas. O problema é quando ele se torna recorrente, crônico. Por isso, é importante preveni-lo.
Entre as formas de prevenção estão o sono adequado, a alimentação saudável, a realização de atividades físicas, a vivência de momentos de prazer e o tratamento contra os sintomas de estresse. Caso seja necessário, procure a ajuda de um profissional da psicologia.