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O Sol acaba de revelar um de seus segredos mais intrigantes. Cientistas mapearam pela primeira vez, em detalhes, a fronteira externa da atmosfera solar, onde o vento solar finalmente escapa para o espaço.
A façanha foi possível graças à sonda Parker Solar Probe, da NASA, e promete melhorar as previsões do clima espacial, que afetam satélites, astronautas e até a Terra, comenta a Space.

Onde fica o “ponto sem retorno” do Sol
Essa região recém-mapeada é chamada de superfície de Alfvén. Ela marca o limite em que o vento solar passa a viajar mais rápido do que as ondas magnéticas do próprio Sol. A partir daí, as partículas não conseguem mais voltar: seguem diretamente para o espaço interplanetário.
Antes, só conseguíamos estimar a fronteira do Sol à distância, sem como verificar se a estimativa estava correta.
Sam Badman, astrofísico do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian e autor principal do estudo, em nota.
Segundo ele, os novos mapas mudam completamente esse cenário.

Uma fronteira viva, irregular e em constante mudança
Os dados revelam que essa região não é lisa nem fixa. Pelo contrário: ela se torna maior, mais irregular e cheia de “acidentes” à medida que o Sol entra em fases mais ativas de seu ciclo de cerca de 11 anos, quando aumentam as manchas e as erupções solares.
“Agora temos um mapa preciso que podemos usar para navegar por essa fronteira enquanto a estudamos”, afirmou Badman. Ele destaca que também foi possível observar como essa região muda ao longo do tempo.

Como os cientistas criaram os mapas
Para chegar a esse nível de detalhe, os pesquisadores combinaram dados de diferentes missões espaciais. A Parker Solar Probe mergulhou repetidamente na atmosfera externa do Sol, enquanto outras espaçonaves realizaram medições complementares a maiores distâncias.
Entre os destaques do trabalho estão:
- Dados em alta resolução coletados pela Parker Solar Probe.
- Uso do instrumento SWEAP para analisar partículas solares.
- Comparação com informações da Solar Orbiter e da missão Wind.
- Observação direta da região abaixo da superfície de Alfvén.
“Este trabalho mostra, sem dúvida, que a Parker Solar Probe está mergulhando fundo a cada órbita na região onde o vento solar nasce”, disse Michael Stevens, astrônomo do CfA e investigador principal do instrumento SWEAP.
Por que a descoberta é importante
Entender exatamente onde e como o vento solar escapa do Sol é fundamental para aprimorar os modelos de clima espacial. Essas previsões ajudam a proteger satélites, redes elétricas e astronautas contra tempestades solares intensas.
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Além disso, os dados podem ajudar a responder a uma antiga questão da física solar: porque a coroa do Sol fica mais quente quanto mais distante está da superfície.
Nos próximos anos, a Parker Solar Probe continuará suas aproximações, especialmente durante o próximo mínimo solar, permitindo acompanhar a evolução dessa fronteira ao longo de um ciclo completo.