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Todo inverno traz de volta um conhecido incômodo: a gripe. Febre, dores no corpo e coriza são os sinais mais visíveis de uma infecção que, na verdade, envolve um confronto complexo e invisível a olho nu.
Por trás dos sintomas, o vírus da influenza trava uma batalha sofisticada para invadir as células humanas e se multiplicar.
Transmitido por gotículas microscópicas no ar, o vírus entra no organismo e usa proteínas específicas para ultrapassar as defesas celulares. Agora, graças a uma nova técnica de imagem, cientistas conseguiram observar esse processo com um nível de detalhe inédito — e em tempo real.

Uma invasão em nanoescala
- Na superfície do vírus da gripe estão duas proteínas-chave: hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA).
- Elas funcionam como “chaves” moleculares, ligando-se a receptores de ácido siálico nas células humanas.
- A partir desse contato, o vírus se desloca pela membrana celular até ser engolido em um processo conhecido como endocitose.
- Durante décadas, acompanhar essas etapas foi um desafio, já que os microscópios tradicionais não conseguiam registrar movimentos tão rápidos e pequenos.
- Para superar essa limitação, pesquisadores da Suíça e do Japão desenvolveram um sistema híbrido que combina microscopia de força atômica e fluorescência, batizado de ViViD-AFM.
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A célula também reage
Com a nova ferramenta, os cientistas observaram algo surpreendente: a célula não é uma vítima passiva. Ela se move, se deforma e até tenta “agarrar” o vírus durante o contato. “A infecção é como uma dança entre o vírus e a célula”, resume Yohei Yamauchi, da ETH Zurich.
O estudo mostrou que o vírus precisa de protuberâncias ricas em actina para entrar, ativando sinais que levam a célula a envolvê-lo em uma vesícula e transportá-lo para seu interior.
Além de ampliar o entendimento sobre a gripe, a técnica pode ajudar a testar antivirais e vacinas em células vivas, além de ser aplicada ao estudo de outros vírus. Os resultados foram publicados na revista PNAS.
