Cientistas observam em tempo real como o vírus da gripe invade nossas células

Cientistas unem ferramentas de ponta para observar, em nanoescala, a entrada do vírus no organismo e como as células reagem
Leandro Costa Criscuolo15/12/2025 13h04
virus gripe
Imagem: Hit Stop Media/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

Todo inverno traz de volta um conhecido incômodo: a gripe. Febre, dores no corpo e coriza são os sinais mais visíveis de uma infecção que, na verdade, envolve um confronto complexo e invisível a olho nu.

Por trás dos sintomas, o vírus da influenza trava uma batalha sofisticada para invadir as células humanas e se multiplicar.

Transmitido por gotículas microscópicas no ar, o vírus entra no organismo e usa proteínas específicas para ultrapassar as defesas celulares. Agora, graças a uma nova técnica de imagem, cientistas conseguiram observar esse processo com um nível de detalhe inédito — e em tempo real.

Descoberta abre caminho para testes mais rápidos de medicamentos contra infecções virais (Imagem: ETH Zurich)

Uma invasão em nanoescala

  • Na superfície do vírus da gripe estão duas proteínas-chave: hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA).
  • Elas funcionam como “chaves” moleculares, ligando-se a receptores de ácido siálico nas células humanas.
  • A partir desse contato, o vírus se desloca pela membrana celular até ser engolido em um processo conhecido como endocitose.
  • Durante décadas, acompanhar essas etapas foi um desafio, já que os microscópios tradicionais não conseguiam registrar movimentos tão rápidos e pequenos.
  • Para superar essa limitação, pesquisadores da Suíça e do Japão desenvolveram um sistema híbrido que combina microscopia de força atômica e fluorescência, batizado de ViViD-AFM.

Leia mais

Nova tecnologia expõe como o vírus da gripe dribla as defesas das células humanas – Imagem: pinkeyes/Shutterstock

A célula também reage

Com a nova ferramenta, os cientistas observaram algo surpreendente: a célula não é uma vítima passiva. Ela se move, se deforma e até tenta “agarrar” o vírus durante o contato. “A infecção é como uma dança entre o vírus e a célula”, resume Yohei Yamauchi, da ETH Zurich.

O estudo mostrou que o vírus precisa de protuberâncias ricas em actina para entrar, ativando sinais que levam a célula a envolvê-lo em uma vesícula e transportá-lo para seu interior.

Além de ampliar o entendimento sobre a gripe, a técnica pode ajudar a testar antivirais e vacinas em células vivas, além de ser aplicada ao estudo de outros vírus. Os resultados foram publicados na revista PNAS.

A imagem mostra uma pessoa vestindo roupas de inverno, como casaco e cachecol, caminhando por uma rua coberta de neve. Ela segura um lenço próximo ao nariz, dando a impressão de que está resfriada. Ao fundo, prédios e árvores também cobertas de neve reforçam a ideia de um ambiente frio.
Pesquisadores observam, pela primeira vez, a entrada do vírus da gripe no nosso organismo (Imagem: Shutterstock/sergey kolesnikov)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.