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O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) vem transformando profundamente a forma como pessoas e empresas trabalham. Embora o debate público muitas vezes se concentre no risco de substituição de empregos, especialistas apontam que a tecnologia também abre espaço para novas profissões, ligadas justamente à adoção, gestão e compreensão dos sistemas de IA. A expectativa é que, à medida que essas ferramentas assumam funções mais complexas, surjam ocupações hoje pouco conhecidas ou até inexistentes, como aponta análise do The Wall Street Journal.
A própria natureza da inteligência artificial, capaz de analisar grandes volumes de dados, tomar decisões automatizadas e gerar conteúdos, cria demandas inéditas dentro das organizações. Empresas, governos e até o sistema judiciário passam a precisar de profissionais que consigam interpretar, selecionar, auditar e ensinar o uso dessas tecnologias de forma responsável e eficiente.

IA cria desafios e oportunidades no mercado de trabalho
O impacto da inteligência artificial no emprego tende a ser amplo. Algumas funções podem se tornar obsoletas, enquanto praticamente todas as demais devem passar por transformações. Nesse cenário, cresce a necessidade de novas profissões capazes de fazer a ponte entre sistemas avançados e usuários humanos, garantindo que decisões automatizadas sejam compreendidas, explicadas e utilizadas de forma adequada.
Sistemas de IA já participam de processos sensíveis, como a análise de pedidos de crédito, recomendações médicas e seleção de currículos. À medida que ganham mais autonomia, aumenta também a pressão por transparência, controle e entendimento técnico. É nesse contexto que surgem novas ocupações voltadas a traduzir, supervisionar e orientar o uso dessas tecnologias.

Entre as novas profissões que podem ganhar espaço com o avanço da IA, algumas se destacam pelo papel estratégico dentro das organizações:
- o explicador de IA, responsável por traduzir o funcionamento dos sistemas para gestores, reguladores, juízes e outros públicos não técnicos;
- o selecionador de IA, que ajuda empresas a escolher quais tipos de inteligência artificial são mais adequados para cada tarefa;
- o auditor e o “limpador” de IA, focados em identificar vieses, distorções e problemas nos resultados gerados pelos sistemas e corrigi-los;
- o treinador de IA aplicada ao trabalho, voltado à capacitação de profissionais para lidar com novas ferramentas tecnológicas.
Novas profissões para traduzir, escolher e supervisionar sistemas inteligentes
O papel do explicador de IA se torna especialmente relevante em situações em que decisões automatizadas precisam ser avaliadas por terceiros, como em disputas judiciais ou processos regulatórios. Já o selecionador atua de forma estratégica, orientando empresas sobre o uso mais adequado de modelos preditivos ou generativos, conforme os objetivos do negócio.
Auditores e especialistas em correção de sistemas trabalham para reduzir vieses e falhas, um tema cada vez mais sensível à medida que algoritmos influenciam decisões que afetam pessoas. Por fim, o treinador surge como uma resposta à necessidade de requalificação profissional, usando a própria IA para personalizar o aprendizado e acelerar a adaptação de trabalhadores a novas rotinas.

Embora essas ocupações sejam apenas exemplos, elas ajudam a ilustrar como a inteligência artificial pode impulsionar o surgimento de novas profissões em diferentes setores. Especialistas avaliam que muitas outras funções ainda nem podem ser previstas, especialmente em áreas e indústrias que ainda estão em formação.
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O futuro do trabalho, portanto, deve combinar incertezas e desafios com oportunidades inéditas. Em vez de apenas eliminar empregos, a inteligência artificial tende a redefinir papéis e criar novas demandas profissionais, exigindo adaptação contínua de trabalhadores, empresas e sistemas educacionais.