Gigantes da tecnologia repassam o risco da IA para terceiros

Contratos bilionários de data centers revelam nova estratégia financeira do setor, transferindo risco para startups e investidores
Leandro Costa Criscuolo15/12/2025 20h47
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Imagem: Poetra.RH/Shutterstock
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As gigantes da tecnologia estão redesenhando a forma de financiar a infraestrutura que sustenta a explosão da inteligência artificial, como explica o New York Times.

Neste outono, empresas como Microsoft, Meta e Google anunciaram acordos que somam dezenas de bilhões de dólares para garantir poder computacional — mas sem assumir diretamente todo o risco de uma expansão que pode custar trilhões no longo prazo.

Em vez de investir pesadamente em centros de dados próprios, essas companhias têm recorrido a contratos de aluguel, veículos financeiros complexos e parcerias com empresas menores.

IA seguranca
Empresas de tecnologia mudam a forma de financiar a infraestrutura da IA – Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock

A estratégia permite adicionar capacidade rapidamente e, ao mesmo tempo, manter flexibilidade caso a demanda por IA não cresça no ritmo esperado.

Transferindo o risco da corrida da IA

  • Os novos acordos têm algo em comum: deslocam parte do risco para startups de infraestrutura, fundos de crédito privado e investidores institucionais.
  • “O risco não desaparece, ele apenas muda de lugar”, resume Shivaram Rajgopal, professor da Columbia Business School. Se a procura por IA esfriar, são essas empresas menores — e seus credores — que podem ficar expostos.
  • Um exemplo emblemático é o megaprojeto de data center da Meta na Louisiana. A empresa estruturou o empreendimento por meio de um veículo de propósito específico e contou com a Blue Owl Capital para financiar cerca de 80% do custo.
  • A Meta construiu o centro, mas optou por “alugá-lo”, classificando o gasto como despesa operacional, e não como dívida. “Em vez de tomar empréstimos, a Meta está alugando o risco”, afirmou um credor do setor.

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Big techs usam aluguel, crédito privado e neoclouds para manter flexibilidade – Imagem: Tada Images/Shutterstock

Flexibilidade acima de tudo

A Microsoft segue lógica semelhante ao fechar contratos de três a cinco anos com as chamadas neoclouds, como Nebius, Nscale e CoreWeave.

Esses acordos bilionários garantem acesso rápido a servidores sem compromissos de décadas — e ajudam a acalmar investidores avessos a grandes desembolsos de capital.

Para analistas, a estratégia reflete um novo consenso no setor: os custos da IA são altos demais para que uma única empresa absorva todo o risco. Distribuí-lo, dizem, tornou-se parte essencial da corrida tecnológica que vai definir o futuro da computação global.

Pessoa tocando um tablet, do qual está sendo projetada uma imagem com os dizeres "AI"
Gigantes da tecnologia preferem alugar poder computacional de IA a construir tudo do zero (Imagem: Summit Art Creations/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.