Governo quer fintechs e bets em projeto de benefícios fiscais

Articulações são conduzidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Rodrigo Mozelli16/12/2025 21h39
Homem olhando o smartphone e celebrando a conquista de uma aposta
2024 mostrou que as apostas esportivas online vieram para ficar (Imagem: Shutterstock)
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda incluir o aumento de impostos sobre casas de apostas online (bets) e fintechs no projeto de cortes de benefícios tributários que está na pauta da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (16).

As articulações são conduzidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segundo afirmou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).

Luiz Inácio Lula da Silva falando em evento
Presidente Lula pensa em realizar a inclusão (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

A equipe econômica tenta elevar a tributação desses setores desde o primeiro semestre, quando a Fazenda editou a Medida Provisória 1.303/2025. O texto previa o aumento da alíquota das bets para 18% e a equiparação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs à cobrada dos bancos.

As medidas foram apresentadas como alternativas arrecadatórias ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A medida provisória, no entanto, teve sua tramitação adiada na Câmara dos Deputados em outubro e acabou perdendo validade. Como resposta, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) apresentou o projeto de lei 5.473/2025, que retoma a tributação sobre bets e fintechs.

Como é o PL para tributar fintechs e bets?

  • Pelo texto, as casas de apostas online passariam por um aumento gradual de impostos, com alíquota de 15% em 2026 e de 18% a partir de 2028. Atualmente, o patamar é de 12%;
  • Já as fintechs teriam uma elevação escalonada da CSLL, pagando 12% em 2026 e 15% a partir de 2028. Hoje, essas empresas recolhem 9%;
  • O projeto foi relatado pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em caráter terminativo, o que permitiria o envio direto à Câmara após aprovação;
  • A tramitação, porém, foi interrompida após o PL apresentar um recurso para que a proposta seja deliberada em plenário, onde aguarda inclusão na pauta.

Pessoa segurando celular com bets listadas em frente computador
Casas de apostas online passariam por um aumento gradual de impostos (Imagem: Saulo Ferreira Angelo/Shutterstock)

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Visão do governo

Na avaliação do governo, a articulação liderada por Haddad busca acelerar a tramitação da proposta em um momento de forte mobilização política em torno de pautas de grande repercussão. No domingo (14), manifestantes foram às ruas para criticar o Congresso Nacional em razão de votações consideradas impopulares, como o Projeto de Lei da Dosimetria.

Ao Metrópoles, o relator no Senado, Eduardo Braga, afirmou que foi procurado pelo ministro Fernando Haddad para pedir apoio à inclusão do aumento de impostos sobre bets e fintechs no projeto de cortes de benefícios tributários. Segundo ele, no entanto, ainda não teve acesso à redação final do relator da matéria na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

O projeto de lei complementar (PLP) 128/2025 prevê um corte de 10% nas isenções fiscais e é considerado essencial pelo Planalto para o fechamento das contas públicas às vésperas do ano eleitoral.

A estimativa de arrecadação é de cerca de R$ 20 bilhões. Sem a aprovação da proposta ainda neste ano, o governo afirma que o Orçamento poderá sofrer contingenciamentos, com possível impacto inclusive sobre emendas parlamentares em pleno período eleitoral.

fintech
Fintechs teriam uma elevação escalonada da CSLL, pagando 12% em 2026 e 15% a partir de 2028 (Imagem: vittaya pinpan/Shutterstock)

Como alternativa, caso a inclusão do aumento de impostos sobre bets e fintechs fique fora do texto dos cortes de benefícios fiscais, o governo Lula avalia a edição de uma nova medida provisória.

A Constituição Federal impede a reedição, na mesma sessão legislativa, de uma MP que tenha sido rejeitada ou perdido validade. Dessa forma, a expectativa é que uma eventual nova MP só possa ser editada no início do próximo ano.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.