Por que celulares podem sumir de lojas em 2026

Escassez de chips de memória pressiona custos, reduz oferta e deve elevar preços de smartphones em 2026, segundo consultoria; entenda
Pedro Spadoni16/12/2025 09h37
Homem mexendo em celular em loja
(Imagem: Hryshchyshen Serhii/Shutterstock)
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O mercado global de celulares deve encolher em 2026, pressionado pela combinação: componentes mais caros e repasse inevitável de custos. É o que aponta a consultoria Counterpoint Research, especializada em pesquisa de mercado no setor de tecnologia, nesta terça-feira (16).

Segundo a empresa, os embarques globais de celulares devem cair 2,1% no próximo ano. É uma revisão para baixo em relação às projeções anteriores.

O principal motivo está longe do consumidor final, mas chega ao bolso dele. A escassez de chips de memória, agravada pela corrida das empresas de tecnologia para sustentar sistemas de inteligência artificial (IA), elevou os custos de produção e mudou o humor da indústria. 

O que tudo isso quer dizer: para 2026, espera-se um mercado com aparelhos mais caros e menos opções nas prateleiras.

Escassez de memória eleva custos e força revisão de projeções sobre mercado de smartphones

A revisão da Counterpoint corta 2,6 pontos percentuais da previsão anterior para 2026. Na prática, isso significa menos smartphones sendo enviados às lojas ao redor do mundo. 

celulares
Menos smartphones devem ser enviados à lojas mundo afora em 2026, segundo análise de consultoria especializada no mercado de tecnologia (Imagem: bodnar.photo/Shutterstock)

A explicação passa por um gargalo específico: a falta de DRAM, tipo de memória essencial tanto para celulares quanto para data centers usados por sistemas de IA.

Com a expansão acelerada de data centers, empresas como a Nvidia puxaram uma demanda inédita por memória. Esse movimento pressiona fornecedores como Samsung e SK Hynix, que atendem tanto o mercado de servidores quanto o de smartphones. Como a oferta não acompanhou esse salto, os preços dispararam ao longo de 2025.

Esse aumento já aparece no custo de produção dos aparelhos, o chamado BoM. Em outras palavras, é quanto custa montar um celular. Segundo a Counterpoint, os impactos devem continuar pelo menos até o segundo trimestre de 2026, com novos reajustes estimados entre 10% e 15% sobre níveis já elevados.

Preços mais altos atingem segmentos e pressionam fabricantes

O efeito não é uniforme. Os celulares mais baratos, abaixo de US$ 200 (pouco mais de R$ 1 mil, em conversão direta), são os mais atingidos. 

Nesse segmento, o custo dos componentes subiu entre 20% e 30% desde o início de 2025. É um patamar difícil de absorver sem repassar para o consumidor final.

Imagem mostra uma mão masculina segurando um Apple iPhone 15 Pro Max exibe em detalhes seu corpo de titânio premium e a luxuosa tela OLED
A Apple é uma das empresas que aparecem entre as mais bem posicionadas para atravessar o período de escassez de smartphones, segundo a Counterpoint Research (Imagem: Hadrian/Shutterstock)

Nos modelos intermediários e premium, o impacto é menor, mas ainda relevante. A alta no custo de materiais ficou na faixa de 10% a 15%, o suficiente para empurrar os preços para cima. 

Com isso, a Counterpoint revisou a projeção do preço médio dos smartphones, que agora deve subir 6,9% em 2026, quase o dobro do previsto anteriormente.

O problema é que nem todo fabricante consegue simplesmente repassar essa conta. Nos modelos de entrada, aumentos bruscos tendem a afastar consumidores. Por isso, algumas marcas já começaram a enxugar portfólios, reduzindo o número de modelos mais baratos disponíveis.

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Nesse cenário, Apple e Samsung aparecem como as empresas mais bem posicionadas para atravessar o período de escassez. Já fabricantes chineses, mais expostos ao médio e baixo custo, devem sentir o impacto com mais força. 

Para tentar equilibrar margens, a indústria recorre a estratégias como downgrade de componentes (câmeras, telas, alto-falantes), reaproveitamento de peças antigas e incentivo à compra de versões mais caras, como modelos “Pro”.

(Essa matéria usou informações de CNBC e Counterpoint Research.)

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.