Siga o Olhar Digital no Google Discover
Em fase decisiva da tramitação do projeto de lei (PL) que trata da regulamentação dos serviços de streaming, representantes do Governo Federal apresentaram ao senador Eduardo Gomes (PL/TO), relator da matéria no Senado, medidas consideradas essenciais para fortalecer o audiovisual brasileiro e a produção independente.
O encontro reuniu equipes do Ministério da Cultura (MinC), Agência Nacional do Cinema (Ancine), Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Liderança do Governo no Senado Federal e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O objetivo foi defender um marco regulatório mais equilibrado para o setor.

Regular o streaming é pauta antiga
- A regulação do streaming é fruto de anos de debate no Congresso Nacional e visa modernizar as políticas públicas do setor audiovisual;
- Os pilares dessa modernização incluem a valorização da produção independente, a diversidade cultural, a segurança jurídica e a sustentabilidade econômica da cadeia produtiva nacional;
- O projeto de lei está em fase terminativa no Senado Federal, com os Projetos de Lei n.º 8.889, de 2017, e n.º 2.331, de 2022, tendo sido anexado ao original;
- Estes textos sintetizam discussões e propostas já aprovadas tanto na Câmara dos Deputados quanto no próprio Senado.
Principais pontos defendidos pelo governo
De acordo com a Agência Gov e considerando a sistematização dos textos já analisados, o Governo elencou os seguintes pontos técnicos e institucionais como prioritários para o relatório final, visando a efetividade da futura regulação do streaming audiovisual:
Alíquota unificada de Condecine
A definição de uma alíquota unificada de 3% da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) para o streaming é crucial. Essa medida busca garantir isonomia entre os diferentes tipos de serviços audiovisuais e preservar o principal mecanismo de financiamento do setor no Brasil.
Exclusão de conteúdos gerados por usuários
Foi defendida a exclusão de conteúdos gerados por usuários e daqueles sem remuneração pelo provedor do escopo da regulação. O intuito é assegurar que a lei incida apenas sobre atividades audiovisuais organizadas economicamente, delimitando, com precisão, o alcance da legislação e protegendo práticas espontâneas, amadoras e de uso social das plataformas.
Leia mais:
- 5 dicas para assistir a streamings com uma qualidade melhor
- O que é streaming? Entenda o conceito por trás do serviço de transmissão online
- Acabou para o YouTube? Instagram quer que você assista Reels na TV também

Manutenção da Condecine-Remessa
O Governo reforçou a importância da Condecine-Remessa como um instrumento vital para o equilíbrio da política audiovisual brasileira. Com mais de 100 mil títulos estrangeiros disponíveis nos catálogos das plataformas no país, a Condecine-Remessa desempenha um papel estratégico na compensação de assimetrias entre conteúdos nacionais e internacionais, sem configurar bitributação.
Fomento exclusivo para obras independentes
No que tange aos incentivos, a posição do Governo é pela supressão da possibilidade de reinvestimento da Condecine em conteúdos classificados como “originais” das plataformas. O objetivo é direcionar os mecanismos de fomento exclusivamente para obras brasileiras independentes, fortalecendo as produtoras nacionais, garantindo a diversidade cultural e assegurando que os direitos patrimoniais permaneçam no país.
Cota para obras nacionais
Foi destacada a importância de estabelecer uma cota mínima de 10% de obras brasileiras nos catálogos das plataformas. Este modelo, sem a possibilidade de contabilização de conteúdos próprios das plataformas, é visto como mais eficaz para ampliar a presença do audiovisual nacional e reduzir as assimetrias em um ambiente dominado por obras estrangeiras.
Dados recentes indicam que a baixa visibilidade do conteúdo brasileiro não se deve à falta de acervo, mas sim a barreiras editoriais e de curadoria.

Janela mínima de nove semanas para filmes
Por fim, a previsão de uma janela mínima de nove semanas entre o lançamento comercial de filmes nos cinemas e sua disponibilização em plataformas de vídeo sob demanda foi sinalizada como relevante.
Medida já adotada em países, como França e Itália, protege o circuito exibidor (especialmente fora dos grandes centros urbanos), fortalece a formação de público, reduz impactos da pirataria e contribui para a sustentabilidade econômica de salas e produtores independentes.
Para o Governo, a consolidação desses pontos no texto final é crucial para assegurar uma regulação proporcional, tecnicamente consistente e capaz de promover o desenvolvimento do audiovisual brasileiro, além de garantir um ambiente regulatório estável e seguro.