Como é a comunicação dos golfinhos segundo a universidade de St. Andrews

Como estudos da Universidade de St. Andrews revelam que golfinhos usam nomes próprios e possuem uma comunicação social complexa
Por Joaquim Luppi, editado por Carlos Emanoel 17/12/2025 09h45
Como é a comunicação dos golfinhos segundo a universidade de St. Andrews
Essas descobertas mudam a forma como enxergamos a lacuna entre a nossa inteligência e a deles - (Imagem gerada por inteligência artificial-GPT/Olhar Digital)
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Pesquisadores da Universidade de St. Andrews comprovaram que os golfinhos possuem uma habilidade social extremamente rara na natureza: o uso de “nomes” individuais para se identificarem. Essa descoberta revolucionária sobre os chamados assobios de assinatura mostra que, assim como nós, esses animais utilizam rótulos vocais únicos para manter o contato e coordenar ações em grupo.

O funcionamento dos nomes no fundo do mar

A base da comunicação identificada pelos cientistas escoceses gira em torno de sons agudos e distintos que cada golfinho desenvolve nos primeiros meses de vida. Diferente de outros animais que compartilham um som genérico para a espécie, cada golfinho nariz-de-garrafa cria seu próprio padrão sonoro, que funciona exatamente como um nome próprio humano.

Para entender melhor como essa dinâmica se aproxima da nossa linguagem e onde ela difere, veja a comparação direta das características comunicativas observadas no estudo:

Comparação: Comunicação Humana × Golfinhos

Esquema visual comparativo com foco em identificação, aprendizado e objetivo.

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Comunicação Humana

Sistema linguístico simbólico

A identificação ocorre por nomes falados (palavras simbólicas). O aprendizado é cultural e imitativo, transmitido entre gerações, com o objetivo principal de permitir a troca de informações complexas.

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Comunicação dos Golfinhos

Sistema acústico natural

A identificação ocorre por assobios de assinatura, baseados em frequências únicas. O aprendizado envolve criação individual e imitação, com foco na coesão do grupo e localização.

Eles respondem quando são chamados?

Um dos pontos mais fascinantes da pesquisa de St. Andrews foi a confirmação de que os golfinhos não apenas emitem seus sons, mas reconhecem quando outros os imitam. Ao ouvirem uma gravação sintética do seu próprio assobio de assinatura, os animais responderam de forma imediata e enérgica, muito mais do que reagiriam a sons aleatórios.

Isso sugere uma capacidade cognitiva sofisticada de autoconsciência e reconhecimento social. Eles entendem que aquele som específico se refere a “mim” e que, se alguém o está reproduzindo, é porque existe uma intenção de contato ou reencontro naquele vasto ambiente oceânico.

Como é a comunicação dos golfinhos segundo a universidade de St. Andrews
Essas descobertas mudam a forma como enxergamos a lacuna entre a nossa inteligência e a deles – (Imagem gerada por inteligência artificial-GPT/Olhar Digital)

Evidências da inteligência social

A complexidade não para apenas no reconhecimento do próprio nome. Os estudos indicam que a estrutura social desses mamíferos depende pesadamente dessa troca vocal, permitindo que eles formem alianças duradouras e cooperem de maneiras que lembram as sociedades humanas.

Alguns dos comportamentos chave notados pelos pesquisadores que comprovam essa alta capacidade de comunicação incluem:

  • Cópia de sons: Golfinhos copiam o assobio de um companheiro para chamá-lo de volta se ele se afastar.
  • Memória de longo prazo: Eles conseguem lembrar dos assobios de amigos antigos mesmo após décadas de separação.
  • Semântica referencial: O uso do som não é apenas um reflexo emocional, mas um rótulo para um indivíduo específico.

Vídeo do canal Animal Planet Brasil mostrando a incrível inteligência dos golfinhos.

O impacto na relação entre humanos e animais

Essas descobertas mudam a forma como enxergamos a lacuna entre a nossa inteligência e a deles. Saber que eles possuem rótulos vocais abre precedentes para tentarmos decodificar outros aspectos da linguagem deles, saindo do campo da suposição para a ciência comportamental concreta.

Ao entendermos que eles operam com uma lógica de identificação individual, passamos a respeitar ainda mais a complexidade de suas vidas sociais. Não são apenas ruídos no oceano, são conversas direcionadas, cheias de intenção e significado, acontecendo o tempo todo debaixo d’água.

Leia mais:

Joaquim Luppi
Colaboração para o Olhar Digital

Joaquim Luppi é colaborador do Olhar Digital

Colaboração para o Olhar Digital

Carlos Emanoel é colaborador no Olhar Digital