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Imagine que você está em um carro viajando em alta velocidade e o motorista decide pisar no freio bruscamente. Agora, amplie essa sensação para uma escala planetária. Se a Terra parasse de girar de repente, não seria apenas um dia ruim; seria o fim do jogo para quase tudo o que conhecemos, transformando nosso lar em um cenário caótico digno dos filmes mais exagerados de Hollywood.
A lei da inércia e o voo coletivo
A primeira coisa que notaríamos — ou melhor, sentiríamos — seria a inércia. No equador, a Terra gira a cerca de 1.670 km/h. Se o planeta parasse instantaneamente, tudo o que não estivesse fixo na rocha matriz (eu, você, o oceano, prédios e árvores) continuaria se movendo nessa velocidade lateralmente. Seria um arremesso global em direção ao leste, resultando em ventos supersônicos e destruição imediata de estruturas.
- Ventos Supersônicos: A atmosfera continuaria girando, criando rajadas mais rápidas que a explosão de uma bomba atômica.
- Tsunamis Globais: A água dos oceanos seguiria a inércia, varrendo continentes inteiros em questão de minutos.
- Projéteis Humanos: Qualquer pessoa ao ar livre seria lançada a velocidades incríveis, a menos que estivesse nos polos.
Segundo Andrew Layden, professor de física e astronomia da Bowling Green State University, se a rotação da Terra cessasse de forma abrupta, tudo o que hoje se move junto com o planeta — como oceanos, atmosfera, edifícios e outros objetos — continuaria em movimento devido à inércia. Com isso, esses materiais se separariam da superfície e seguiriam se deslocando ao redor do globo, como se estivessem em uma órbita muito próxima da Terra.
Abaixo um vídeo do nosso canal do YouTube explicando melhor como seria a situação.
O oceano mudaria de endereço
Atualmente, a rotação da Terra gera uma força centrífuga que faz com que o planeta seja “gordinho” no meio. Isso mantém a água dos oceanos presa ao redor do equador. Se a rotação cessasse, essa força desapareceria. A gravidade assumiria o controle total, puxando a água em direção aos polos, onde a atração gravitacional é ligeiramente maior.
O resultado seria o surgimento de um supercontinente gigantesco na região do equador, que secaria completamente, enquanto as regiões polares seriam inundadas, cobrindo grande parte da Europa, Canadá e Rússia sob quilômetros de água. O mapa-múndi que conhecemos seria redesenhado de forma irreconhecível, dividindo o mundo em dois grandes oceanos polares e uma faixa de terra seca central.

Um dia que dura um ano inteiro
Se a Terra parasse de girar em torno do seu eixo, mas continuasse orbitando o Sol, a noção de tempo mudaria drasticamente. Um “dia” completo duraria um ano. Você teria seis meses de luz solar ininterrupta, torrando tudo o que estivesse na superfície, seguidos de seis meses de escuridão profunda e frio congelante. A vida como conhecemos, dependente do ciclo circadiano de 24 horas, entraria em colapso.
- Duração do dia: 24 horas
- Temperatura: Moderada e variável
- Campo magnético: Ativo e protetor
- Duração do dia: 8.760 horas (1 ano)
- Temperatura: Extremos de ebulição e congelamento
- Campo magnético: Provavelmente colapsado
Nota sobre pesquisas acadêmicas
Não existe um estudo acadêmico que modele a parada súbita da rotação da Terra, pois esse cenário é fisicamente irrealista e violaria a lei da conservação do momento angular. Ainda assim, a ciência dispõe de pesquisas sólidas sobre a evolução da rotação terrestre ao longo de eras geológicas, incluindo variações na duração do dia e os efeitos das marés gravitacionais na desaceleração gradual do planeta. Esses estudos mostram que a rotação não estática da Terra é um fator essencial para a estabilidade climática e para a manutenção da vida como a conhecemos. Trabalhos sobre thermal tides e equilíbrio rotacional planetário podem ser encontrados em repositórios acadêmicos como o arXiv, onde modelos físicos realistas ajudam a compreender o papel da rotação na dinâmica planetária.
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