O que há dentro da misteriosa lua Titã, de Saturno

Novo estudo indica que Titã, lua de Saturno, não tem oceano profundo, mas subsolo pastoso que pode abrigar vida em bolsas de água
Por Valdir Antonelli, editado por Lucas Soares 17/12/2025 18h10
Atmosfera da Lua Titã, a maior de Saturno
(Imagem: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute)
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Titã, a maior lua de Saturno, já foi considerada um possível lar de um oceano profundo. No entanto, um novo estudo indica que a lua não possui águas subterrâneas como Europa ou Encélado, revelando um subsolo mais pastoso do que líquido. A descoberta muda a percepção sobre ambientes que poderiam abrigar vida fora da Terra.

Mesmo sem um oceano profundo, Titã continua fascinando astrônomos. Segundo o IFLScience, a superfície gelada da lua abriga lagos e rios de metano, e sua crosta sofre deformações sob a gravidade de Saturno, sugerindo que o subsolo é parcialmente flexível. Essas características podem influenciar a disponibilidade de energia, nutrientes e a química necessária para possíveis formas de vida.

Titã revela surpresas: subsolo flexível e líquidos de metano podem abrigar condições interessantes para vida.
Titã revela surpresas: subsolo flexível e líquidos de metano podem abrigar condições interessantes para vida. Imagem: NASA

Uma lua de mistérios gelados

Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, com lagos e chuva, mas compostos de hidrocarbonetos. Observações iniciais na década de 2000 levantaram a hipótese de um oceano profundo sob a superfície, mas análises recentes indicam que o subsolo é mais parecido com lama ou gelo marinho ártico.

Em vez de um oceano aberto como o que temos aqui na Terra, provavelmente estamos diante de algo mais parecido com gelo marinho ártico ou aquíferos, o que tem implicações para o tipo de vida que poderíamos encontrar.

Baptiste Journaux, professor assistente da Universidade de Washington e autor do estudo, em comunicado.
Lua de Saturno não possui oceano profundo, mas gelo marinho e aquíferos indicam possibilidades intrigantes de habitabilidade.
Lua de Saturno não possui oceano profundo, mas gelo marinho e aquíferos indicam possibilidades intrigantes de habitabilidade. Imagem: RyanRad – Shutterstock

Deformação e gravidade: pistas do subsolo

Titã possui uma órbita elíptica ao redor de Saturno, o que faz sua forma variar conforme a posição orbital. A equipe mediu um atraso de 15 horas entre o pico da força gravitacional e o da deformação da lua. Esse padrão indica uma dissipação de energia maior do que seria esperado caso houvesse um oceano global, reforçando a ideia de um subsolo pastoso.

“O grau de deformação depende da estrutura interna de Titã. Um oceano profundo permitiria que a crosta se flexionasse mais sob a força gravitacional, mas se Titã estivesse completamente congelada, não se deformaria tanto”, detalhou Journaux.

Entre as descobertas principais do estudo estão:

  • Subsolo pastoso, semelhante a lama ou gelo marinho ártico, em vez de um oceano profundo;
  • Deformações da crosta causadas pela gravidade de Saturno, com atraso de 15 horas;
  • Bolsas de água que podem atingir 20 °C, aumentando o potencial de habitabilidade;
  • Implicações para a busca por vida em ambientes fora da Terra;
  • Base científica sólida usando dados da Cassini e modelagens detalhadas do interior de Titã.
Lua de Saturno mantém mistérios: sem oceano profundo como Europa ou Encélado, mas com solo pastoso que pode sustentar vida.
Lua de Saturno mantém mistérios: sem oceano profundo como Europa ou Encélado (foto), mas com solo pastoso que pode sustentar vida. Imagem: Jurik Peter/Shutterstock

Implicações para vida e futuras missões

Mesmo sem um oceano profundo, bolsas de água em condições pastosas podem atingir 20 °C, aumentando o potencial habitável da lua. Além disso, o estudo amplia o escopo de ambientes que podem ser considerados em busca de vida extraterrestre.

Leia mais:

A NASA planeja enviar a missão Dragonfly em 2034 para explorar a superfície e a atmosfera de Titã, aprofundando nosso conhecimento sobre este mundo intrigante.

O estudo reforça que, mesmo em um cenário sem oceanos profundos, Titã permanece como um dos locais mais interessantes para pesquisas astrobiológicas no Sistema Solar.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.