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O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos entrou no radar de senadores democratas, que passaram a investigar se a expansão de grandes data centers está contribuindo para o aumento da conta de luz de consumidores residenciais e de outros setores da economia. A preocupação gira em torno do consumo crescente de energia dessas estruturas, essenciais para treinar e operar sistemas de inteligência artificial, e de como os custos de adaptação da rede elétrica estão sendo distribuídos. As informações são do The New York Times.
Na segunda-feira (15), cartas foram enviadas a empresas como Google, Microsoft, Amazon e Meta, além de companhias especializadas em infraestrutura digital, pedindo esclarecimentos sobre o impacto energético de seus data centers. Segundo os parlamentares, as concessionárias de energia têm sido obrigadas a investir bilhões de dólares em novas linhas de transmissão, usinas e modernização da rede para atender à demanda criada pela IA, e parte desse custo pode estar sendo repassada a consumidores comuns.
Data centers de IA e o impacto na rede elétrica e na conta de luz
Após cerca de duas décadas de crescimento mínimo no consumo de eletricidade, a demanda nos Estados Unidos voltou a subir e deve acelerar nas próximas décadas. Um dos principais motores dessa mudança são os data centers voltados à IA, que utilizam servidores muito mais intensivos em energia do que aqueles empregados em serviços tradicionais da internet.

Em 2023, essas estruturas já foram responsáveis por mais de 4% de toda a eletricidade consumida no país. Analistas do governo estimam que esse percentual pode chegar a até 12% em apenas três anos. Para atender a esse salto, concessionárias têm ampliado a capacidade do sistema elétrico, mas nem todos os custos ficam restritos às empresas de tecnologia.
Os senadores Elizabeth Warren, Chris Van Hollen e Richard Blumenthal afirmam temer que, caso o ritmo do boom da IA diminua no futuro, os consumidores acabem arcando com investimentos feitos hoje. Segundo eles, há relatos de comunidades próximas a grandes data centers que já registram aumentos expressivos na conta de luz.
Conta de luz em alta e falta de transparência
Um dos pontos levantados na investigação é a falta de transparência nos contratos entre data centers e concessionárias. Esses acordos costumam ser confidenciais, o que dificulta entender por que as tarifas de energia estão subindo. Em setembro, o custo médio de eletricidade para uma residência que consome 1.000 quilowatt-hora mensais chegou a cerca de US$ 181, uma alta de 7% em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais.

Embora fatores como a substituição de usinas antigas e o reforço da rede contra incêndios florestais também pressionem os preços, os data centers se tornaram um tema sensível por causa do crescimento projetado de sua demanda energética. Um estudo do Lawrence Berkeley National Laboratory indicou que, nos últimos anos, essas estruturas podem ter ajudado a diluir custos fixos e até reduzir preços médios, mas os próprios autores alertam que essa tendência pode não se sustentar.
Entre os principais pontos destacados pelos senadores estão:
- consumo de energia muito superior ao de serviços digitais tradicionais;
- necessidade de investimentos bilionários na rede elétrica;
- possibilidade de repasse de custos a consumidores residenciais;
- crescimento acelerado impulsionado pela IA;
- impacto político e econômico do aumento da conta de luz.

As empresas de tecnologia afirmam, de forma recorrente, que pretendem pagar sua “parte justa” dos custos energéticos e, em alguns estados, negociaram acordos específicos com concessionárias. Ainda assim, não há consenso sobre qual deveria ser essa participação. O debate ganha ainda mais relevância diante do interesse crescente em fontes como energia nuclear, que têm custos mais elevados de implantação.
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Com investimentos que ultrapassaram US$ 360 bilhões em apenas nove meses entre as maiores empresas do setor, a expansão da IA tende a continuar pressionando o sistema elétrico. A investigação busca entender se esse avanço está sendo feito de forma equilibrada ou se parte do preço está recaindo diretamente sobre a conta de luz da população.