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Foi-se o tempo em que criminosos digitais precisavam se equipar com diversos programas que escondessem suas identidades para poderem realizar crimes na internet livremente. A criminalidade, antes presente apenas em sites escondidos em cantos obscuros da internet, agora dá as caras na rede social mais utilizada do planeta.
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Nossa reportagem se infiltrou em algumas páginas criadas dentro do Facebook e descobriu um verdadeiro submundo do crime dentro do site. A liberdade da rede social dá aos membros uma ilusão de segurança que os fazem até mesmo dispensar o uso de perfis fakes ante suas reais identidades para cometer os mais diversos crimes pela internet.
Em um desses grupos, usuários traficam drogas, vendem dados de contas correntes e de cartões de crédito de outras pessoas e até comercializam programas que enviam mensagens de spam para endereços de e-mails – com mensagens como “Não acredito que você fez isso…”, “Você ficou excelente nesta foto”, etc.

Vale lembrar que esses não são os primeiros grupos da rede que fortalecem o tráfico de drogas ou fazem apologia às drogas. No mês passado, o Olhar Digital identificou páginas que reuniam usuários de maconha e jovens que publicavam fotos fazendo uso da droga sem qualquer medo das autoridades.

Do ponto de vista legal, o simples ato de postar uma imagem de droga em uma rede social pode ser considerado crime. De acordo com o artigo 33 da Lei 11.343/2006, a chamada “Lei das Drogas”, classifica-se como crimimoso o ato de “induzir” a pessoa ao uso indevido de entorpecente. É importante destacar também que o artigo 286 do Código Penal prevê que “incitar, publicamente, a prática de crime” é passível de pena de detenção de três a seis meses, ou multa.
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Não são apenas as drogas que motivam as publicações no grupo. A venda de dinheiro falsificado também é recorrente na movimentada comunidade. As notas falsas são negociadas por valores mais baixos do que as reais e atraem quem acredita que irá conseguir trocá-las em transações comerciais. Para incentivar as vendas, a maioria dos vendedores afirma que elas contam com elementos gráficos que as deixam semelhantes às originais.

Outro tipo comércio que também acontece nos grupos é o de venda de armas. As publicações deste tipo, no entanto, são mais raras e muitos dos vendedores são classificados pelos usuários como “lotters”, termo usado para definir golpistas que não entregam os produtos que comercializam.

O outro lado
Esse tipo de conteúdo só pode ser publicado porque a plataforma não exerce uma checagem própria do que é ou não postado em suas páginas. Até porque seria praticamente impossível fiscalizar o que mais de 1 bilhão de usuários publica na rede. Vale lembrar, no entanto, que a empresa não permite qualquer tipo de publicação com conteúdo ilegal.
Assim, como forma de manter algum tipo de controle, o Facebook coloca esse trabalho de investigação nas mãos dos próprios internautas. As denúncias realizadas por eles são enviadas para uma curadoria específica do site que, então, analisa cada material individualmente e decide se ele é ou não impróprio para o ambiente digital.
O posicionamento oficial da empresa é de que nos últimos dois anos mais pessoas passaram a utilizar o site com o intuito de comercializar produtos e que, por essa razão, foi importante atualizar a “política de bens regulamentados”. De acordo com os Padrões de Comunidade do Facebook, é vedada “qualquer tentativa de compra, venda ou troca de medicamentos com prescrição, maconha, armas de fogo ou munições por revendedores não autorizado”.

Ainda de acordo com o Facebook, bastaria apenas uma única denúncia para que o conteúdo proibido possa ser removido do site. Por esse motivo, chama atenção o fato de um grupo com 7 mil membros não ter sido denunciado sequer uma vez.