Um novo estudo aponta que pessoas que sofrem de apneia do sono podem ter mais risco de perda de memória e problemas cognitivos. O distúrbio é uma doença caracterizada por pausas respiratórias durante o sono que levam à queda da saturação do oxigênio no sangue e geram microdespertares noturnos.

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Pesquisadores avaliaram milhares de pacientes

Os pesquisadores explicam que alguns desses despertares são de curta duração e muitas vezes a pessoa não lembra de ter acordado durante a noite. Apesar disso, eles causam a fragmentação do sono. 

O estudo foi apresentado durante um congresso da Academia Americana de Neurologia, que aconteceu em abril em Denver, nos Estados Unidos. No total, 4.257 pessoas responderam um questionário do National Health andNutritionExamination informando dados sobre a qualidade do sono, com questões relacionadas a ronco, pausas respiratórias, sensação de acordar sem ar, e sobre a dificuldade de memória, a concentração ou a confusão mental.

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Após o ajuste de fatores que podem afetar a memória, como idade e nível educacional, os responsáveis pelo trabalho constataram que aqueles que apresentavam sintomas de apneia tinham 50% mais risco de apresentar também problemas de memória.

A apneia causa uma alteração da arquitetura do sono, que é a distribuição dos estágios de sono ao longo da noite. O sono fragmentado altera esses estágios, geralmente resultando em redução daqueles mais profundos, que têm um papel importante no funcionamento do cérebro, na formação da memória e na capacidade de aprendizado.

Maira Honorato, neurologista e especialista em medicina do sono do Hospital Israelita Albert Einstein
CPAP na apneia do sono
Distúrbio causa pausas respiratórias durante o sono (Imagem: divulgação/CPAPS)

Outros prejuízos causados pela apneia do sono

  • Os especialistas afirmam que a própria queda da saturação de oxigênio durante o sono afeta diretamente o funcionamento do cérebro.
  • A apneia também prejudica a ativação de um processo de “limpeza cerebral”, o sistema glinfático, que drena resíduos tóxicos do Sistema Nervoso Central.
  • Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da apneia estão ser do sexo masculino, idade avançada, obesidade, malformação craniana e retrognatia (a posição do maxilar em que o queixo fica para trás).
  • A doença causa sintomas noturnos (ronco, pausas respiratórias, acordar com falta de ar ou várias vezes à noite) e diurnos (sonolência, cansaço, dificuldade de concentração e problemas de memória).
  • O tratamento inclui o uso do CPAP, dispositivo usado para dormir que gera pressão nas vias aéreas através de uma máscara, além de cirurgias ortognáticas, sessões de fonoaudiologia e tratamento odontológico, com o uso de uma placa mandibular, bem como mudanças no estilo de vida.