Foi só nos últimos anos que começamos a pensar no hidrogênio para de geração de energia sustentável, o chamado hidrogênio verde. Uma forma de vida inédita encontrada em locais extremos já fazia isso há bilhões de anos: a archaea, um microorganismo inédito que produz gás hidrogênio naturalmente e de forma muito mais complexa que outras formas de vida.

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Nova forma de vida é bilenar

Cientistas descobriram a archaea, descrita como a terceira forma de vida depois das bactérias e das eucariotas. Trata-se de um domínio de organismos unicelulares sem estruturas internas ligadas à membrana.

Esse tipo de vida produz gás hidrogênio usando enzimas que, antes, haviam sido encontradas apenas nas outras duas formas de vida.

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No entanto, as enzimas das archaea são as mais complexas até agora e permitiram que elas prosperassem em ambientes extremamente hostis da Terra, com pouco ou até nenhum oxigênio.

O co-líder do estudo, o microbiologista Pok Man Leung, lembrou que humanos só recentemente começaram a pensar no hidrogênio como fonte de energia. Esse microorganismo já o faz há bilhões de anos. Agora, temos a oportunidade de se inspirar neles para revolucionar o setor de geração de energia.

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Ilustração de H2, símbolo do hidrogênio, sobre floresta
Nova forma de vida produz hidrogênio de uma maneira nunca vista (Imagem: chayanuphol/Shutterstock)

Microorganismo tem segredo na produção de hidrogênio

O hidrogênio verde é tido como uma das energias do futuro, mas esbarra em alguns desafios. Um deles é a fonte produtora do material, que precisa ser renovável, a infraestrutura de produção, cadeia de abastecimento e os preços disso.

A archaea não tem todas essas preocupações, mas pode facilitar a primeira etapa. Como lembra o Science Alert, os microorganismos produzem gás hidrogênio naturalmente e por diversas finalidades. Uma delas é eliminar o excesso de elétrons resultantes da fermentação, do qual eles tiram energia.

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Nesse processo, as enzimas descritas, chamadas de hidrogenases, são as responsáveis por produzir e consumir o hidrogênio.

Pesquisadores encontraram processos inéditos na decodificação das enzimas (Imagem: Cell/Reprodução)

Como pesquisadores usarão o microorganismo para produzir hidrogênio

  • Como as archaea vivem em locais extremos e são muito difíceis de cultivar em laboratório, a equipe do estudo procurou o gene que codifica um tipo de hidrogenase em bancos de dados globais;
  • Depois, eles usaram modelos computacionais para prever a estrutura da enzima codificada e expressá-la na bactéria E. coli. O intuito era ver se o gene realmente funcionava para produzir as hidrogenases em um hospedeiro diferente;
  • Os pesquisadores descobriram que as instruções genéticas de enzima codificada deram certo e ela realmente foi capaz de produzir hidrogênio;
  • No entanto, ao contrário das bactérias e dos eucariontes, as archaea tem estruturas ainda mais notáveis na produção do elemento ao fundir dois tipos diferentes de hidrogenase;
  • Os genomas ainda estão incompletos, mas as análises iniciais mostraram que essa nova forma de vida tem uma maneira completamente inédita de produzir hidrogênio, que pode ser aproveitada.