O hábito de enterrar os mortos não foi criado pela nossa espécie (Homo sapiens). Paleontólogos encontraram restos mortais de hominídeos da espécie Homo naledi, da Idade da Pedra, enterrados a cerca de 30 metros de profundidade no cemitério mais antigo já descoberto até hoje, nas cavernas do Berço da Humanidade, na África do Sul.​

Costume de enterrar os mortos é mais antigo do que a espécie Homo sapiens

  • Pesquisadores descobriram que o cemitério mais antigo do mundo, localizado na África do Sul, não foi criado pela nossa espécie;
  • Restos mortais de hominídeos da espécie Homo naledi datados de, pelo menos, 200 mil a.C. sugerem que o hábito de enterrar os mortos veio muito antes do que pensávamos;
  • Além disso, a espécie tinha cérebros do tamanho de laranjas – o que contraria a ideia de que atividades complexas, como enterrar os mortos, só surgiu com o desenvolvimento de cérebros maiores;
  • A descoberta ainda deve passar por uma revisão por pares. Os artigos sobre ela foram publicados na eLife.
Cemitério mais antigo do mundo fica na África do Sul (Imagem: Luca Sola/AFP)

Os H. naledi tinham cérebros do tamanho de laranjas e aproximadamente um metro e meio de altura – o que contraria a ideia atual de que a prática de atividades complexas (como enterrar os mortos) só surgiu graças ao desenvolvimento de cérebros maiores, ao longo da evolução humana.

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Descoberta pode mudar o que sabemos sobre a evolução humana (Imagem: laikavoyaj/Shutterstock)

Numa série de artigos publicados na eLife, os investigadores apontam que os restos mortais encontrados na África do Sul datam de, pelo menos, 200 mil a.C., descrevendo-os como “os enterros de hominídeos mais antigos já registrados, anteriores às evidências de enterros do Homo sapiens em pelo menos 100 mil anos”. 

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As evidências podem provar que as práticas mortuárias não se limitavam apenas a hominídeos com cérebros grandes, como o H. sapiens. “Significaria não apenas que os humanos não são os únicos no desenvolvimento de práticas simbólicas, mas que podem nem ter inventado tais comportamentos”, disse Lee Berger, paleontólogo que liderou as explorações, à Agence France-Presse (AFP).

A descoberta ainda deve passar por uma revisão por pares para que seja confirmada a hipótese de enterro intencional. Mas, como escreveram os pesquisadores, as descobertas já são um grande avanço para “alterar a nossa compreensão da evolução humana.”