Mesmo após sua extinção, os neandertais ainda podem ser encontrados no genoma de parte dos seres humanos modernos. Buscando desvendar os primórdios desse relacionamento, uma equipe de cientistas analisou e mapeou a evolução dos genomas de antigos indivíduos da espécie Homo sapiens. O estudo foi publicado no bioRxiv.

Entenda:

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  • Cientistas descobriram que o cruzamento entre humanos e neandertais começou há 47 mil anos, e durou quase sete milênios;
  • Com um software, a equipe analisou amostras de 59 antigos H. sapiens com idades entre 45 mil e 2,2 mil anos, comparando os genomas aos de 275 humanos modernos ao redor do mundo;
  • O fluxo de ADN dos neandertais para o genoma humano moderno ocorreu em um período de 6.832 anos, com tempo médio de introgressão – transferência permanente de genes – de 47.124 anos;
  • Com a seleção natural, partes do DNA neandertal foram excluídas do genoma humano. Da mesma forma, alguns genes foram repassados através das gerações, podendo ter conferido vantagens de sobrevivência;
  • O estudo foi publicado no bioRxiv.
O estudo analisou se os neandertais podiam entender e falar como os humanos modernos(Crédito: frenic00/Shutterstock)
Estudo comparou genomas de antigos Homo sapiens e humanos modernos. (Imagem: frenic00/Shutterstock)

Com a ajuda de um software, os investigadores analisaram amostras de 59 indivíduos com idades entre 45 mil e 2,2 mil anos, comparando os genomas aos de 275 humanos modernos ao redor do mundo. A equipe mapeou a evolução dos genes neandertais, mapeando a quantidade exata de gerações necessárias para sua evolução ao longo dos milênios.

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Relações entre humanos e neandertais duraram milênios

A equipe constatou que o fluxo de ADN dos neandertais para o genoma humano moderno ocorreu em um período de 6.832 anos, com um tempo médio de introgressão – transferência permanente de genes – datado em 47.124 anos atrás. Ou seja, os primeiros cruzamentos entre os H. sapiens e os hominídeos neandertais começou há cerca de 47 mil anos, com uma duração de quase sete milênios.

Cruzamentos entre neandertais e Homo sapiens ocorrerram há 47 mil anos. (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

No estudo, a equipe também explica que o DNA neandertal não está presente em todas as regiões do nosso genoma – algumas delas (chamadas de “desertos arcaicos”) são completamente desprovidas de ascendência neandertal, e outras contêm níveis muito altos. Em outras palavras, boa parte do material genético era, provavelmente, prejudicial, sendo eliminado com a evolução ao longo dos anos.

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Da mesma forma, alguns genes podem ter conferido vantagens de sobrevivência, sendo repassados através das gerações. Para esse caso, os cientistas identificaram 347 genes neandertais bem-preservados nas populações antigas e atuais, “sugerindo que muitos desses genes foram imediatamente benéficos para os humanos modernos à medida que encontravam novos pressões ambientais fora da África”, escreveram no estudo.