Imagination Technologies é uma empresa britânica fundada em 1985 especializada em processadores gráficos. É ela quem fornece o componente responsável por produzir as imagens que aparecem na tela de alguns dos principais produtos da Apple desde 2008, incluindo o iPad, o iPod e, principalmente, o iPhone.

Nesta semana, porém, a Imagination atingiu o ponto mais baixo da sua história: o seu conselho administrativo decidiu colocar a empresa à venda. A notícia, informada nesta quinta-feira, 22, pelo site Business Insider, é apenas o último capítulo na história de desvalorização da companhia.

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Tudo começou em abril, quando a própria Imagination deu início a um rumor sobre o futuro da Apple. A Maçã é dona de 9,5% da Imagination e tem um contrato de licenciamento de tecnologia que garante à fornecedora britânica alguns milhões de libras esterlinas todos os anos, em troca do uso de seus chips em iPhones vendidos no mundo todo.

Segundo a própria Imagination, 50% de seus lucros vêm do fornecimento de processadores gráficos para a Apple. A empresa britânica também recebe uma parcela dos lucros obtidos com a venda de cada iPhone e iPad no mundo que usa sua tecnologia. E, apenas nos últimos três meses de 2016, a Apple vendeu mais de 78 milhões de iPhones.

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Ou seja, boa parte do negócio da Imagination depende diretamente da Apple e do iPhone. Só que, em abril deste ano, a empresa emitiu um comunicado público dizendo que a sua principal parceira estava considerando romper o contrato que as manteve juntas por tantos anos.

A notícia era de que a Apple planeja desenhar por conta própria o processador gráfico das próximas gerações do iPhone. Com isso, a fabricante não precisaria mais dos chips feitos pela Imagination. Acontece que a Imagination é uma empresa de capital aberto, e a notícia não caiu nada bem para ela no mercado de ações.

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Apenas três dias depois que essa notícia chegou à mídia, o valor de mercado da Imagination sofreu uma queda de nada menos do que 68%. Tudo graças à previsão de que a empresa estava prestes a perder o contrato com a Apple e parar de prover as GPUs do smartphone mais vendido do mundo.

Em maio, a Imagination começou a discutir a possibilidade de vender alguns de seus departamentos para outras empresas. Nesta semana, porém, o conselho administrativo anunciou que a companhia toda está à venda, e admitiu que já vem negociando com potenciais compradores.

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O valor das ações da Imagination era de quase 270 libras logo antes do anúncio de que o contrato com a Apple estava ameaçado. Após o anúncio, esse valor caiu para 103 libras esterlinas. Ao longo dos últimos três meses, houve um aumento de quase 40% nesse número, mas ele nunca mais chegou ao patamar em que estava antes do começo de toda essa história.

Na última quarta-feira, 21, cada ação era vendida por 123 libras esterlinas. Após o anúncio oficial de que a Imagination está à venda, o valor subiu quase 20% com investidores tentando comprar uma parcela dessa “pechincha”. Ainda assim, o futuro da empresa permanece parcialmente aberto.

Isso porque um porta-voz da Imagination disse que a companhia está “em processo de negociação” com a Apple para que as duas possam manter o atual contrato de licenciamento. Isso significa que a Imagination quer continuar fornecendo componentes para o iPhone, mesmo que a Maçã comece a produzir seus próprios chips gráficos.

Em nota, a Imagination também disse que “não há certeza de que uma oferta de compra será feita ou se alguma transação será realizada”. Ou seja, a empresa está à venda, mas se conseguir encontrar uma solução amigável para a sua relação com a Apple, pode ser que ela não precise ser arrematada por outros investidores.

Vale lembrar também que, apenas um ano atrás, a Apple admitiu interesse em comprar a Imagination. A Maçã diz que nunca fez uma oferta oficial, mas, na época, o valor de mercado da fornecedora girava em torno dos 500 milhões de euros. Agora, está na casa dos 350 milhões de euros. A Apple, por sua vez, não voltou a discutir publicamente a hipótese de comprá-la.

Outros casos

A Imagination não é a única e nem a primeira empresa a criar um vínculo de dependência em relação à Apple. Como recorda o site The Verge, em 2013, uma fornecedora chamada GT Advanced Technologies ganhou US$ 1 bilhão da empresa de Cupertino, apenas para declarar falência um ano depois.

O que aconteceu foi que a Apple buscou nessa pequena fabricante a tecnologia para criar telas de safira para o iPhone 6. O projeto sofreu uma série de complicações, já que o presidente da Apple, Tim Cook, queria produtos de alta qualidade a preços baixos. Por fim, a ideia das telas de safira foi descartada e a GT Advanced, que havia investido até seu último recurso nesse acordo, acabou declarando falência.

As histórias da GT Advanced e da Imagination Technologies são bons lembretes de como o iPhone pode ajudar a construir o sucesso de uma empresa da noite para o dia, mas também quase arruiná-la tão rapidamente quanto.