Em uma decisão muito mais política do que técnica, a Vodafone, segunda maior operadora de telefonia celular do mundo, decidiu parar a implementação de equipamentos 5G essenciais da Huawei até que as preocupações referentes às atividades do grupo asiático sejam completamente esclarecidas. Com isso, corremos o risco de postergar ainda mais o desenvolvimento do 5G em 2019.

Em uma coletiva de imprensa, na sexta-feira (26), o presidente-executivo da Vodafone, Nick Read, disse que o nível de desconfiança dos governos europeus sobre a Huawei atingiu seu ponto mais alto e que, por isso, a empresa se viu obrigada a agir. Além disso, Read disse que o debate ainda é “muito simplista” e que as acusações “não são claras” ou “fundamentadas em fatos” . Para ele, a Huawei é uma fornecedora de equipamentos importante em um mercado dominado por apenas três empresas.

De acordo com a agência de notícias Reuters, a Huawei superou a sueca Ericsson e se tornou a maior fabricante de equipamentos para telecomunicações do mundo no início desta década, apesar de ter sido excluída do mercado norte-americano. A terceira maior fornecedora é a finlandesa Nokia.

Ao jornal The New York Times, o executivo da Vodafone disse que essa decisão está limitada a equipamentos essenciais da rede, que lidam com grande parte dos dados sensíveis relacionados a chamadas e tráfego de internet. Logo, a Vodafone continuará usando os equipamentos auxiliares da Huawei como antenas celulares.

publicidade

Neste sentido, Read vai além e afirma que, se as autoridades do bloco proibirem completamente os produtos da Huawei, a indústria de telefonia móvel da Europa vai enfrentar custos maiores e atrasos na implementação de redes 5G. Isso porque a Huawei é uma das maiores fornecedoras de soluções de telefonia no mundo todo, inclusive no Brasil.

Assim, considerando que a Huawei é uma grande parceira das operadoras brasileiras quando o assunto são soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), a implementação do 5G no país também pode demorar dada a tensão política entre a fabricante chinesa e os governos norte-americanos e europeus. Frente à nova gestão do governo, ainda é difícil dizer qual seria a posição do Brasil caso tenha que tomar uma decisão frente às sanções contra a gigante asiática.

As acusações contra a Huawei

Em dezembro do ano passado, as autoridades canadenses prenderam a CFO da Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos EUA. A executiva é acusada de fazer negócios com o Irã e com bancos dos EUA ao mesmo tempo, isso fez com que ela violasse as sanções dos EUA contra o país. Meng, que também é filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, enfrenta um pedido de extradição para os EUA. Ela foi libertada sob fiança e, por enquanto, permanece no Canadá.

Na semana passada, a tensão entre China e Canadá aumentou ainda mais depois que o embaixador chinês, Lu Shaye, afirmou que se o governo canadense proibir a Huawei de participar da rede 5G, é possível que haja algum tipo de repercussão.

Além disso, a Huawei está sendo acusada de funcionar como uma empresa espião do governo chinês, alegações que vêm sendo constantemente negadas pela companhia.