A SpaceX, de Elon Musk, está pronta para lançar o foguete Falcon 9 ao espaço hoje à noite, às 22h45 (20h45, horário local), diretamente da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida. Um satélite geoestacionário de comunicações, o PSN-VI, é a carga principal da missão. A mais intrigante, porém, é um pequeno módulo israelense que pretende aterrissar na Lua.

A sonda Beresheet, de 180 kg, foi desenvolvida em Israel pela SpaceIL. A empresa surgiu em 2011, liderada, de início, principalmente por voluntários. O projeto se expandiu dois anos depois, ao buscar ajuda profissional e financiamento, majoritariamente de fontes filantrópicas, para tratar com mais seriedade a corrida ao espaço. Os desafios foram imensos e, mesmo com investimento de dezenas de milhões de dólares, a companhia não pôde comprar seu próprio lançador de foguetes. Por isso, em 2016, a SpaceIL se estabeleceu na SpaceX.

A espaçonave israelita vai “pegar uma carona” no Falcon 9, que deve deixar a Beresheet em uma órbita elíptica com um apogeu de cerca de 60 mil km. De lá, ela terá de chegar à Lua por conta própria. Em vídeo, a empresa detalha que a sonda vai passar mais de seis semanas elevando sua órbita até ser capturada pela órbita lunar, antes de finalmente fazer a primeira tentativa privada de pouso na Lua, que deve acontecer em 11 de abril — em uma previsão de tempo otimista.

Até agora, apenas as agências espaciais norte-americana, russa e chinesa aterrissaram com sucesso na Lua. Isso significa que existe uma enorme pressão sobre a pequena equipe de Israel que lidera a missão, tanto em seu país quanto entre a comunidade corporativa espacial, que quer provar que os empreendimentos privados podem chegar onde só as nações conseguiram.

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“O que isso significa para mim é que a responsabilidade é muito grande”, diz Yoav Landsman, engenheiro sênior de sistemas do projeto. Ele estava entre os que se juntaram à SpaceIL em 2013 — afinal, não resistiu à oportunidade de fazer parte de uma pequena equipe para pousar na Lua.

Na Lua

Os engenheiros projetaram a espaçonave para satisfazer as demandas do prêmio XPrize Lunar, do Google. Essa competição, que teve início em 2011 e terminou em março sem um vencedor, exigia que um robô com financiamento privado pousasse na Lua, viajasse mais de 500m e providenciasse imagens e vídeos de alta definição.

O veículo Beresheet tentará esse feito dentro de um tempo de vida limitado na Lua: Landsman explica que, após cerca de três dias, o painel solar do veículo deve atingir uma temperatura de 200°C e superaquecer. Esse foi um dos preços de desenvolver uma espaçonave menor com um orçamento apertado.

Assim, a Beresheet pousará com urgência, capturará imagens e vídeos, transmitirá de volta e, em seguida, tentará pular 500m para outro local. Quando ela não estiver gravando vídeo ou se movendo, tentará transmitir dados de volta à Terra pela Deep Space Network da NASA. 

A tentativa de aterrissagem vem em momento importante para a NASA. A agência espacial pediu a várias empresas norte-americanas — algumas das quais também competiram no XPrize Lunar — que desenvolvam pequenas sondas capazes de levar experimentos científicos à Lua. O chefe de ciência da NASA, Thomas Zurbuchen, deseja que ao menos uma dessas missões voe até o fim do ano, mas ainda não está claro se qualquer uma das empresas pode fazer isso.

Certamente, todos vão assistir à tentativa da SpaceIL de fazer o primeiro pouso particular. “As pessoas que competiam conosco até pouco tempo atrás vieram até mim e me disseram que torcem por nós”, afirma Landsman. “Se tivermos sucesso nessa missão e mostrarmos ao mundo que podemos pousar na Lua com uma espaçonave com financiamento privado, isso significa que a tecnologia já está aqui.”

Como assistir à decolagem do Falcon 9

Se você quiser acompanhar a decolagem do Falcon 9 da SpaceX que, entre outras coisas, levará a primeira sonda privada à Lua, você pode conferir a transmissão nesta mesma página. A transmissão começará logo abaixo cerca de 15 minutos antes do horário programado para a decolagem, que é às 22h45 (horário de Brasília), então fique ligado a partir das 22h30 para não perder nada


Fonte: Ars Technica