O governo do Reino Unido está sendo acusado de implantar um sistema de reconhecimento facial de cunho racista para verificação de fotos de passaporte. De acordo com a New Scientist, o governo britânico sabia que a inteligência artificial funcionava melhor para identificar pessoas brancas e falhava em alguns casos na identificação de pessoas de tons de pele mais escuro. Mesmo assim, eles decidiram continuar utilizando a tecnologia. 

“A pesquisa do usuário foi realizada com uma grande variedade de grupos étnicos e identificou que pessoas com a pele muito clara ou muito escura achavam difícil fornecer uma fotografia aceitável para passaporte”, escreveu o departamento responsável em um documento. “Contudo, o desempenho geral foi considerado suficiente para sua implantação”. 

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O serviço foi implantado em junho de 2016 e, desde então, algumas pessoas tiveram problemas com o reconhecimento facial. Joshua Bada, esportista negro de 28 anos, foi alvo recentemente de uma falha no sistema ao tentar renovar seu passaporte. Joshua contou que a detecção facial disse que ele estava com a boca aberta na foto, e perguntou se ele queria enviá-la mesmo assim. “Minha boca está fechada, só tenho lábios grandes”, respondeu o esportista.

Cat Hallam, especialista em tecnologia da Keele University, descobriu que o sistema costumava indicar falhas ao sugerir que os olhos do indivíduo estavam fechados e a boca aberta. “O que é muito desanimador sobre tudo isso é que eles (governo) estavam cientes do que estava acontecendo”, afirmou Hallam. 

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Um software de detecção facial geralmente é treinado para identificar e armazenar milhares de imagens. Os erros na identificação de algumas pessoas podem indicar que os dados de treinamento não foram diversificados o suficiente para representar todos os tons de pele. 

Autoridades governamentais disseram que, para atenuar o problema, a melhor forma seria “continuar a realizar pesquisas e testes de usabilidade com os participantes apropriados para garantir que usuários de diferentes etnias possam fornecer uma foto que passe nas verificações”.

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“A raça de uma pessoa não deve ser uma barreira ao uso da tecnologia para serviços públicos essenciais”, disse um porta-voz da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos do Reino Unido. “Estamos desapontados pelo governo implementar essa tecnologia, mesmo com evidências de que é mais difícil para algumas pessoas usá-la com base na cor de sua pele”.

Fonte: New Scientist