A chave para finalmente encontrar a matéria escura pode estar escondida na antimatéria, a estranha versão invertida dos elementos que podemos ver e tocar. Uma equipe internacional de cientistas do Japão, Alemanha, Suíça e Estados Unidos liderados pelo instituto de pesquisa Riken, do Japão, está buscando respostas que desafiam a hipótese “tradicional” sobre a matéria escura e podem, futuramente, desvendar um de seus maiores segredos.

A suposição de longa data entre os físicos é que a maior parte da massa do universo é composta pela “matéria escura”, um material invisível que interage com a matéria comum por meio das leis da gravidade. Ela ainda não foi detectada diretamente, apesar dos grandes esforços para encontrá-la.

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Enquanto isso, a antimatéria é como o “gêmeo maligno” da matéria: toda partícula subatômica possui uma antipartícula correspondente, uma imagem espelhada com a mesma massa, mas com carga elétrica oposta. Além disso, existe um grande mistério que envolve a comunidade científica e que ainda não há respostas: se a antimatéria é um “reflexo” do que é tangível, por que ela existe em menos quantidade no universo do que o restante da matéria?

Essa é uma das muitas perguntas não explicadas que circundam o tema. Mas, entre algumas suposições “tradicionais” dos cientistas, acredita-se que a matéria escura interage com a matéria e a antimatéria da mesma forma, disse Christian Smorra, pesquisador do Riken. Porém, “essa suposição nunca foi testada experimentalmente até agora, uma vez que as pesquisas de matéria escura na física atômica usavam apenas sondas de matéria”, e não sondas de antimatéria.

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Assim, a hipótese da equipe de cientistas internacionais é de que a antimatéria interage com a matéria escura de uma forma diferente que a matéria comum. Essa suposição ajudaria a entender por que há mais matéria do que antimatéria no universo.

Segundo os estudos publicado nesta quarta-feira (13) na revista Nature, o grupo revisou os dados existentes da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN) de 2017 sobre o comportamento dos antiprótons (a versão dos prótons da antimatéria), buscando encontrar sinais de que estes estavam sendo influenciados por uma partícula teórica da matéria escura chamada de axion.

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Ele é o segundo candidato mais popular de integrar a matéria escura, seguidos por uma classe de partículas chamada WIMP’s, sigla para Partículas Maciças Fracamente Interativas.

No entanto, após as análises nada apareceu para os cientistas e eles não encontraram evidências de axions. Isso, no geral, não é uma má notícia. Afinal, a maioria das ‘coisas óbvias’ já foram descobertas e, agora, é necessário se aprofundar em descartar quais propriedades a matéria escura não possui.

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Por esses motivos, a pesquisa ainda não terminou e deve continuar procurando alguma descoberta que surja de todos os resultados nulos. “Trabalhos futuros devem ter como objetivo restringir ainda mais o acoplamento axônio-anti-próton e procurar evidências de interação entre a matéria escura do axônio e outras formas de antimatéria, como pósitrons (antipartículas de elétrons)”, afirmou Gianpaolo Carosi, físico do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, em um comentário também publicado na Nature

Via: Futurism