Nesta quinta-feira (16), a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão do Ministério da Saúde, emitiu sinal verde para o desenvolvimento de uma pesquisa que aborda o medicamento nitazoxanida 600 mg como possível tratamento para a Covid-19. Conhecida popularmente por seu nome comercial Annita, a droga é um vermífugo largamente utilizado.

Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, mencionou a substância ainda nesta quarta-feira (15) e a chamou de “remédio secreto” que, segundo ele, é uma aposta na busca pela cura da doença.

O parecer positivo da Conep só foi divulgado hoje, mas já havia sido aprovado na terça-feira (14). O estudo foi solicitado pelo médico Florentino Cardoso, diretor executivo da Hospital Care, uma rede de hospitais pertencente à antiga Bozano (atual Crescera), empresa de investimentos que, até 2018, tinha Paulo Guedes, o atual ministro da Economia, como sócio.

O teste com o medicamento será realizado no Hospital Veracruz, em Campinas, interior de São Paulo, com 50 participantes por cerca de 21 dias, “sendo sete dias de tratamento/acompanhamento e 14 dias de follow-up clínico”, informou a Conep. A droga será cedida pelo laboratório Farmoquímica, do Rio de Janeiro, que fabrica a versão comercial Annita.

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Todos os participantes do ensaio clínico estão contaminados com o coronavírus, mas não em estado grave. Dos 50, metade será tratada com a nitazoxanida 600 mg e o restante receberá um placebo. A previsão é que o estudo seja concluído apenas em setembro.

Quando o ministro Pontes citou o “remédio secreto”, foi para anunciar que o medicamento já havia sido testado in vitro pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, também em Campinas.

No mesmo dia, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta comentou que Pontes tratou com ele sobre a tal droga, mas deixou claro que a eficácia in vitro não garante o combate ao coronavírus dentro do corpo humano.

Por dar falsas esperanças sobre um tratamento que ainda nem foi comprovado, Pontes está recebendo críticas da comunidade científica. Inicialmente, o ministro alegou que manteria segredo sobre o nome do remédio para evitar uma corrida antecipada às farmácias, mas deu tantas dicas que acabou revelando a droga.

Por ora, os médicos pedem para que ninguém com a Covid-19 se automedique com Annita.

 

Via: Uol