O novo boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta para uma tendência de aceleração na disseminação do coronavírus no Brasil, voltando à velocidade estabelecida em março, quando o vírus havia acabado de chegar ao país e nenhuma medida de isolamento social tinha sido imposta.

O InfoGripe considera casos e mortes notificados por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) para fazer previsões sobre a pandemia. Contudo, o boletim não leva em conta todos os sintomas associados à Covid-19, mas apenas as internações por febre, dor de garganta, tosse e falta de ar combinados. O abrandamento dos critérios serve para que a Fiocruz possa comparar os dados da pandemia com os anos anteriores.

A comparação, por sua vez, revelou um aumento de casos significativo: até o dia 26 de abril deste ano, foram notificados 44.700 pacientes com SRAG. Contudo, com a demora da avaliação de todos os casos até o fim da 17ª semana epidemiológica (que foi de 19 a 25 de março), estima-se que sejam, na verdade, cerca 62.600 casos. A título de comparação, o ano de 2019 teve, no total, 39.400 diagnósticos por SRAG. O recorde, que até então pertencia ao ano de 2016 por conta do H1N1, era de 39.800 notificações no ano.

Reprodução

publicidade

“É possível observar uma nítida tendência de crescimento da epidemia e não chegamos ao pico”, contou Marcelo Gomes, pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz e coordenador da plataforma InfoGripe.

À medida que a adesão ao isolamento social diminui, o número de casos tende a aumentar substancialmente.

Quanto às mortes por SRAG, o ano de 2020 já registrou aproximadamente 5.500, contra 3.800 em 2019 e 4.700 em 2016. A estimativa prevê que o número de óbitos chegará perto de 7 mil até o fim dessa semana epidemiológica.

Além de considerar os sintomas da SRAG, o sistema do InfoGripe leva em conta apenas os casos de internação, mas Gomes reconhece que há muitas pessoas com Covid-19 que não conseguem vaga nos hospitais.

“É um sofrimento imenso e invisível”, afirmou o pesquisador. “À medida que o distanciamento social diminui, nos deparamos com cenário tremendamente assustador”, acrescentou.

Agora, segundo Gomes, a intenção do boletim é levantar os dados sem o filtro dos sintomas da SRAG para ter uma visão mais realista da pandemia.

 

Via: O Globo