Cerca de 240 especialistas de 32 países afirmam que há evidências de que o novo coronavírus, mesmo em partículas menores, está no ar e pode infectar as pessoas desta forma. Em uma carta para a Organização Mundial da Saúde (OMS), eles pedem que o órgão revise as recomendações sobre a contaminação.
Na atualização mais recente lançada sobre a Covid-19, em 29 de junho, a OMS afirmou que o novo coronavírus se espalha principalmente de pessoa para pessoa por meio de pequenas gotas expelidas pelo nariz ou boca, após tosse, espirro ou simplesmente uma fala.
No entanto, cientistas e consultores da OMS disseram em entrevista ao New York Times que, apesar das boas intenções, a agência está fora de sintonia com a ciência e que, principalmente, seu comitê de prevenção e controle de infecções é lento na atualização de orientações. O comitê também estaria vinculado a uma visão rígida e excessivamente médica das evidências científicas.
A reportagem afirma que novos focos de infecção em todo o mundo, em bares, restaurantes, mercados e outros locais, confirmam o que muitos cientistas vêm dizendo há meses: o vírus permanece no ar em ambientes fechados, infectando quem está nas proximidades.
Especialistas dizem que máscaras poderão ser necessárias em ambientes fechados, mesmo com distanciamento social. Foto: FG Trade/ iStock
Se a transmissão aérea for um fator significativo na pandemia, especialmente em locais com pouca ventilação, as conseqüências para a contenção serão significativas e podem ser necessárias novas medidas de proteção.
Sendo assim, máscaras poderão ser necessárias em ambientes fechados, mesmo quando há distanciamento social. Os sistemas de ventilação em escolas, asilos, residências e empresas podem precisar minimizar o ar de recirculação e adicionar novos e poderosos filtros.
Os cientistas vão além. Segundo eles, também podem ser necessárias luzes ultravioletas para matar partículas virais flutuando em pequenas gotas dentro de casa.
Apesar dos especialistas afirmarem que o novo coronavírus pode ser transmitido pelo ar, o assunto deve render ainda muitas discussões até sua confirmação científica.
Benedetta Allegranzi, líder técnica da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Controle de Infecções, disse que tais evidências não são convincentes.
“Especialmente nos últimos dois meses, temos declarado várias vezes que consideramos a transmissão aérea possível, mas certamente não suportada por evidências sólidas ou até claras. Há um forte debate sobre isso”, concluiu.
Esta post foi modificado pela última vez em 6 de julho de 2020 12:15