Viagens tripuladas a Marte são ambições de programas de agências espaciais e empresas privadas. A missão Artemis, da Nasa, planeja enviar astronautas ao planeta vermelho até 2028. Já Elon Musk, CEO da SpaceX, manifestou planos de ocupar o solo marciano até 2050.

Para alguns cientistas, no entanto, antes de pousar em solo marciano, as missões devem considerar passagens por Vênus. Em estudo publicado em formato “pré-print”, que ainda será submetido a revisão de pares na revista Acta Astronautic, pesquisadores argumentam que sobrevoos na órbita de Vênus podem tornar missões com destino a Marte mais rápidas e baratas.

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Liderado por Noam Izenberg, geólogo planetário da Universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, o trabalho aponta que existem duas possibilidades de viagens para astronautas chegaram ao planeta vermelho. A primeira seria uma missão de conjunção, na qual espaçonaves poderiam viajar entre a Terra e Marte enquanto os planetas estiverem alinhados.

Após pousar no ambiente marciano, porém, a tripulação teria que esperar por um novo alinhamento para iniciar a viagem de volta. O problema é que esse evento levaria pelo menos um ano e meio para acontecer, como informa o site Space.Com.

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“Monte Olimpio” na superfície de Marte. Imagem: Nasa / Mola Science Team / O. de Goursac, Adrian Lark

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Já a segunda opção corresponde ao que o estudo chama de “missão de oposição”. Neste caso, as espaçonaves passariam por Vênus para aproveitar a força gravitacional do planeta e, então, ajustar o percurso até Marte. Segundo os cientistas, isso ajudaria significativamente a reduzir a demanda de energia das missões, economizaria combustível, liberaria espaço nas espaçonaves e reduziria custos.

Outra vantagem, dizem os pesquisadores, remete à periodicidade das missões. Viagens com passagem em Vênus poderiam partir da Terra a cada 19 meses. Já missões diretas para Marte teriam de enfrentar uma carência de mais de dois anos até que as órbitas do planeta vermelho e da Terra se alinhem adequadamente. As missões de oposição ainda poderiam encurtar a estadia de astronautas em solo marciano, com a possibilidade de realizar viagens de volta após um mês da chegada.

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Oportunidade

Para os cientistas, o trajeto proposto no estudo ainda seria útil para explorar Vênus e coletar informações ainda mais precisas sobre o planeta. “Há ciência em dois planetas por muito menos do que o preço de duas missões tripuladas separadas”, disse ao Space.com, Paul Byrne, coautor do estudo e geólogo planetário da Universidade Estadual da Carolina do Norte.

Os autores ressaltam que sondas espaciais operadas em bases na Terra já coletam informações sobre o segundo planeta do sistema solar. Os sobrevoos na órbita de Vênus, no entanto, permitiria aos astronautas mais possibilidades de operação dos dispositivos localizados na superfície.

“A tripulação seria capaz de controlar, em tempo real, sondas na superfície e aeronaves na atmosfera, com equipamentos de realidade virtual e um joystick”, disse ao Space, Kirby Runyon, geomorfologista planetário na Universidade de Johns Hopkins.

Fonte: Space.com