A Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA) publicaram nesta quinta-feira (16) as imagens mais próximas já capturadas da superfície do Sol. Realizados pela sonda Solar Orbiter (SolO), os registros surpreenderam cientistas ao revelarem um fenômeno até então desconhecido: pequenas chamas na superfície da estrela que os pesquisadores batizaram de “campfires” e “nanoflares” (fogueiras e nano chamas, em tradução livre). 

Essas pequenas chamas são milhões ou até mesmo bilhões de vezes menores e menos intensas do que erupções massivas que ocorrem periodicamente no Sol. Emboras as origens do novo fenômeno ainda sejam desconhecidas, cientistas da NASA e da ESA acreditam que a descoberta pode ajudar astrônomos a aprofundar estudos sobre a atmosfera solar, também conhecida como Corona.

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Registros capturados pela Sonda SolO. As setas assinalam as pequenas chamas detectadas pelos cientistas. Imagem: ESA/Nasa

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“Esses registros incríveis vão ajudar cientistas a estudarem as camadas atmosféricas do Sol, o que é importante para o entendimento de como isso afeta o clima [espacial] próximo da Terra e em todo o Sistema Solar.”, afirmou Holly Gilbert, cientista do Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa, em nota publicada no site da agência.

Os pesquisadores observaram que as chamas detectadas pela Solar Orbiter aparentemente não ocorrem em locais próximos a manchas solares ou em regiões de intensa atividade solar. Como lembra o The Verge, as explosões solares são associadas ao aparecimento de manchas escuras na superfície da estrela, que causam oscilações no campo magnético do astro e liberam raios de energia para fora da atmosfera.

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O próximo passo para investigar o fenômeno inédito é medir a temperatura das chamas com a ferramenta de imagem espectral SPICE, equipada na Solar Orbiter. “Aguardamos ansiosamente nosso próximo conjunto de dados”, afirma Frédéric Auchère, pesquisador principal das operações do SPICE no Instituto de Astrofísica Espacial em Orsay, França. “A esperança é detectar nanoflares e quantificar o papel [deles] no aquecimento coronal”.

Missão

As imagens da Solar Orbiter foram capturadas a 77 milhões de quilômetros da superfície do Sol – aproximadamente a metade da distância entre a estrela e a Terra. Nenhuma outra espaçonave obteve fotos da superfície do astro a distâncias iguais ou menores. A missão visa obter registros dos polos solares, pontos que ainda não foram explorados por nenhuma outra expedição espacial.

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Cientistas projetam que, durante a missão, a sonda ainda deve atingir a distância de 42 milhões de quilômetros da superfície do Sol. Ou seja, espera-se fotos ainda mais próximas do que as reveladas pela NASA e ESA nesta quinta.

Ainda assim, a Solar Orbit não vai superar o recorde da Parker Solar Probe, que chegou a marca de 18 milhões de quilômetros de distância do astro. A sonda Parker, no entanto, não apresenta sistemas ópticos para capturar imagens diretamente da superfície solar.

Fonte: The Verge/Nasa