Os discursos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre Edward Snowden, ex-NSA e CIA, parecem ser bem contraditórios. Desde 2013, Trump vem defendendo a execução por ter divulgado um esquema no qual os EUA mantinham um programa de vigilância em massa. No entanto, na última quinta-feira (13), o presidente americano amenizou o tom e disse ter ouvido diversas manifestações de seus assessores dizendo que Snowden pode estar sendo injustiçado.

Antes do seu encontro para debater o caso Snowden, Trump preferiu não opinar sobre o fato. “Tem muita gente pensando que ele não está sendo tratado com justiça. Quer dizer, eu ouvi isso”, disse o presidente ao The Post.

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Após a reunião, Trump não deu maiores explicações sobre as discussões, apenas disse se disponibilizaria em avaliar o caso e afirmou que as opiniões ouvidas sobre Snowden se dividem entre ‘traidor’ e ‘perseguido’.

Antes de assumir o cargo, Trump tratou Snowden como traidor, exigindo sua execução ao menos 45 vezes em seus tuítes. O abrandamento no discurso, porém, pode ter um motivo: o desejo de Trump em acessar registros do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, ainda mais em um período que antecede as eleições presidenciais americanas.

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Em 2013, Trump chegou a postar no Twitter que Snowden é um espião e que deveria ser executado, mas poderia se tornar um grande fã dele, caso ele revelasse registros de Obama.

ObamaCare is a disaster and Snowden is a spy who should be executed-but if it and he could reveal Obama’s records,I might become a major fan

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 30, 2013

Entenda o caso Snowden

Ex-membro da NSA (Agência de Segurança Nacional) e CIA (Agência Central de Inteligência), Edward Snowden chocou o mundo após divulgar que o grupo “Five Eyes” — formado por órgãos de segurança dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Canadá — trabalhava para o enfraquecimento das leis de espionagem.

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Com o vazamento de documentos confidenciais, Snowden confirmou que os países atuavam em conjunto com gigantes de telecomunicações, acessando e vigiando a comunicação de usuários de qualquer país no mundo. 

Com a divulgação bombástica e já fora do seu país natal, Edward Snowden chegou a enviar pedidos de  asilo para mais de 21 países, inclusive o Brasil. Ele conseguiu assegurar asilo na Rússia — que prometeu não extraditá-lo para os EUA — e onde vive há sete anos. 

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A equipe jurídica de Snowden já tentou negociar um retorno aos Estados Unidos sob garantia de anistia (sem a prisão do ex-membro da CIA), mas o acordo não obteve sucesso.

O aceno de Donald Trump mostrou-se favorável para uma repatriação de Snowden, mas não se sabe ao certo quais seriam as reais intenções do presidente americano e nem se a operação demandaria alguma exigência.