Se você está lendo este texto em ambiente digital, não se preocupe: você está sendo vigiado, monitorado e medido nas suas mínimas ações onine, dos vídeos vistos a até por quanto tempo uma determinada imagem prendeu sua atenção. É isso que Jeff Seibert, ex-executivo do Twitter explica em ‘Dilema das Redes’, documentário com dramatização que estreou no último 9 de setembro na Netflix. O objetivo é mostrar como as redes sociais utilizam os dados de usuários para manipular os interesses do usuário e gerar lucro para estas empresas.

A declaração de Seibert parece inspirada no clássico ‘1984’, de George Orwell, mas para boa parte dos brasileiros, ter Facebook, Google, Twitter, Youtube e todos os demais esmiuçando seus gostos e hábitos na rede não é muito preocupante. A ampla maioria até abriria mão de sua privacidade na rede tranquilamente desde que, em troca, tivesse algum benefício mínimo. Isso é o que mostra uma pesquisa da Karspersky.

ReproduçãoEntrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) obriga as empresas a tratar as informações que estão sob sua custódia dentro de alguns parametros legais. Crédito: Fauxel/Pexels 

Acompanhamento de perto pelas mídias sociais

No levantamento da Karspersky, 80% dos brasileiros aceitariam expor seus perfis em redes sociais para encontrar amigos de longa data. O mesmo faria 70%, desde que lhes fossem assegurados descontos em compras online. Para 65%, bastaria ganhar experiências exclusivas. Metade dos entrevistados também não viu problema nesta vigilância digital se ao menos tivessem monitoramento durante suas viagens. E mais de um terço (37%) não se importaria de ser acompanhado de perto nas mídias sociais nem pelo governo, desde que isso servisse para manter os cidadãos mais seguros.

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Claudio Martinelli, diretor-geral da Kaspersky para a América Latina, destaca que governos e organizações estão se digitalizando e é preciso defender os benefícios que a tecnologia proporciona. Porém, enfatiza, que isso não ponha em risco nossa segurança e privacidade. “É preciso deixar claro o nível de acesso às informações pessoais e às vidas digitais destes programas e, o mais importante, como eles processarão e protegerão estes dados”, diz.

O especialista ressalta ainda o papel que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que passou a valer a partir desta sexta-feira (18), terá para regular a relação entre cidadãos e empresas. Estas últimas serão responsáveis pela custódia dos dados, mas as informações coletadas não pertencem a elas. “É necessário ter o devido controle hoje para não perder o controle amanhã, tanto dos consumidores sobre seus dados quanto das empresas/governo sobre os dados de terceiros”, afirma Martinelli.

ReproduçãoUma vez que os dados são reunidos, uma imagem mais integrada do usuário começa a surgir, dando origem ao que os especialistas chamam de ‘gêmeo digital’. Crédito: Kevin Paster/Pexels

O que é social rating?

Outra pesquisa da Kaspersky apontou que 61% dos consumidores brasileiros não sabem (11%) ou nunca ouviram falar (50%) dos sistemas de social rating. Estas métricas, antes usadas por bancos e lojas online na aprovação de uma operação, ganharam grande impulso com a revolução digital. Atualmente, cada interação na rede resulta em informações sobre diversos aspectos da vida do usuário. Das preferências individuais (como no caso do Facebook e Pinterest) ao padrão de consumo (Google, Amazon e Netflix), passando por expressões individuas (Twitter, Instagram e Tik Tok).

Cada uma delas tem interesse por um conjunto de dados. E, com base neles é possível desenvolver uma compreensão profunda dos comportamentos nestes aspectos de vida. “Uma vez que todos os dados disponíveis foram reunidos, uma imagem mais integrada começa a surgir, um novo conceito, chamado gêmeo digital”, explica o professor Chengyi Lin, professor de Estratégia afiliado ao Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead).

Segundo o docente, um gêmeo digital seria uma representação digital do indivíduo físico em termos de seus dados. “Esses dados históricos integrados podem descrever como nos comportamos como pessoas. Indo um passo adiante, esses dados históricos também podem ser usados para medir nossa confiabilidade ou até mesmo para prever nossos comportamentos futuros”, complementa.

Três dicas da Karspespy para proteger a privacidade na rede

  • Tenha consciência dos dados pessoais compartilhados online. Lembre-se que todas as informações postadas nas redes sociais correm o risco de cair nas mãos erradas e/ou poderão ser usadas para autorizar/negar seu acesso a um determinado serviço no futuro.
  • Sempre exclua sua conta e seu histórico quando parar de usar um aplicativo ou um serviço online.
  • Verifique quais serviços estão conectados a suas contas online e quem tem acesso a elas.

Fonte: Kaspersky Daily