Em artigo publicado na revista Science na semana passada, um grupo de cientistas americanos fez um apelo: “parem de testar vacinas contra Covid-19 em si mesmos”. Isto porque notícias de que outros cientistas têm produzido e testado doses contra o novo coronavírus em si mesmos têm sido cada vez mais comuns. A prática é ilegal e perigosa para a saúde.

“Todos nós simpatizamos com a ideia de que as pessoas querem se inocular contra o vírus”, disse Jacob Sherkow, professor de direito da Universidade de Illinois e um dos autores do artigo. “Mas as pessoas precisam entender que todo remédio caseiro não vai necessariamente ajudar, e alguns podem muito bem ser fatais”, destacou.

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Na urgente busca pela imunização contra a Covid-19, grupos de cientistas têm realizado testes em si mesmos de imunizantes sem eficácia comprovada. Créditos: Cottonbro/Pexels

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“Ciência Cidadã”

Em julho deste ano, a revista MIT Technology Review revelou um grupo de cientistas que estaria produzindo vacinas contra a doença no estilo “faça você mesmo”. Para não serem barrados pela Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador do governo dos Estados Unidos, estas pessoas testam as doses em si mesmas. A chamada “Ciência Cidadã” também abre espaço para que outras pessoas se voluntariem para os testes.

Por enquanto, um dos grupos autônomos mais famosos que optaram por esta abordagem é o Rapid Deployment Vaccine Collaborative (Radvac), liderado pelo famoso geneticista de Harvard, George Church.

Ainda sobre vacinas clandestinas destinadas à proteção contra a Covid, no início de setembro, o jornal New York Times publicou que a Procuradoria-Geral do estado de Washington, EUA, havia entrado com uma ação contra uma empresa de biotecnologia por cobrar US$ 400 por injeções sem eficácia comprovada.

No artigo em que cientistas pedem a paralisação da prática, Jacob Sherkow ressalta que não é porque estas pessoas estão testando as aplicações em si mesmas que a ação torna-se legal.

“Estamos vivendo em uma era de desinformação vacinal. É uma das razões pelas quais realizamos testes clínicos em fases para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos médicos. Não é apenas uma questão de descobrir se algo é eficaz ou funciona. É também uma questão de descobrir a toxicidade grosseira do tratamento e se ele foi fabricado de forma que não prejudique as pessoas”, finalizou Sherkow.

Via: Futurism